O economista Mauro Osorio, presidente da Assessoria Fiscal da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), fez uma apresentação sobre o Complexo Econômico-Industrial da Saúde Fluminense (CEIS) e as perspectivas de melhoria deste segmento no estado. Ele participou da reunião do Conselho Empresarial de Medicina e Bem-Estar da ACRJ, dia 2/2. Coordenado pelo presidente do Conselho, Gilberto Ururahy, o encontro contou com o apoio da Amcham Rio e da Câmara de Comércio França-Brasil.
Mauro Osorio mostrou os desafios do setor no Rio de Janeiro, que teve a maior redução no PIB nacional – se comparado aos demais estados (entre 1970 e 2020) -, com uma queda de 40,55% (dados do IBGE). Segundo ele, a criação do Complexo é uma perspectiva de ampliação e diversificação produtiva do estado. Em termos de emprego, o setor da Saúde reúne cerca de 500 mil pessoas trabalhando com carteira assinada. “É um número muito conservador porque não inclui trabalhadores indiretos, mas é bastante relevante”, afirmou.
Presente à reunião, o presidente da ACRJ, José Antonio do Nascimento Brito, acredita que falta uma articulação política em torno deste assunto. Ele sugeriu a criação de um Grupo de Trabalho para atuar diretamente nesta pauta. E lembrou o sucesso de duas iniciativas, a questão dos aeroportos Santos Dumont e Galeão e as ações contra a pirataria, lideradas pela ACRJ, Firjan e Fecomércio. “Em parceria com os governos estadual e municipal fizemos um trabalho exemplar. Depois de muitos anos, as três grandes instituições de classe se uniram para atuar juntas pelo interesse do nosso estado. Acredito que podemos repetir este modelo agora na área da Saúde. A ACRJ já está embarcada”, garantiu.
Gilberto Ururahy lembrou ainda que o ISS no Rio é um dos mais caros, comparando com outros estados, o que contribui para perda de receita. “Não seria mais prudente reduzir impostos para atrair mais investimentos e assim aumentar a arrecadação?”, indagou. Mauro Osorio concorda que a competitividade tributária é uma questão importante, mas ressaltou que, apesar de todos os problemas, outros fatores precisam estar na pauta, como as potencialidades do Estado do Rio a serem exploradas.
Segundo ele, o Rio é o segundo no país com maior número de titulações em mestrado e doutorado nas áreas de ciências biológicas e de saúde, representando 11,4% do Brasil. “Além disso, das 84 Unidades Hospitalares Federais existentes no Brasil, 30 se encontram aqui e a relação de médicos por mil habitantes é de 3,70, enquanto a média brasileira é de 2,27”, exemplificou.
Ele ainda listou alguns locais que são oportunidades para instalação de unidades fabris. Santa Cruz, onde está sendo construído o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), a nova fábrica de imunobiológicos da Fiocruz; Duque de Caxias; Leste Fluminense; Itaperuna e região; e Jacarepaguá. Este último, já foi um importante polo para a indústria farmacêutica.
Osorio finalizou destacando que o Plano Estratégico para o CEIS deve considerar alguns fatores. Entre eles: as oportunidades de adensamento produtivo e de inovação, advindas das especificidades locais; os avanços na formulação de políticas de caráter sistêmico para potencializar o desenvolvimento local; a atribuição, partilhada por instâncias públicas e privadas, quanto à implantação, acompanhamento e monitoramento do plano, seus projetos e ações; a estruturação e qualificação da máquina pública para permitir o aproveitamento das potencialidades existentes no Complexo; e a interação das instâncias públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal, visando facilitar políticas de apoio, regulação e licenciamento.
Fotos: Paula Johas