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Descontinuidade é um dos gargalos para criação de políticas públicas no setor cultural

Ao participar da reunião do Conselho Empresarial de Assuntos Culturais, dia 14/4, a diretora da Casa França-Brasil, Helena Severo, disse que um dos gargalos para a implementação de políticas públicas no Brasil é a descontinuidade, onde cada gestor, ao assumir, começa o trabalho do zero fazendo com que não haja uma política de estado na área cultural. “Isso acontece em toda a cadeia da produção cultural. As rupturas são danosas para a gestão das instituições públicas na área de cultura”, afirmou durante a palestra Políticas Públicas e Gestão Cultural.

Além disso, segundo ela, há uma baixa profissionalização de quem atua no setor público, que muitas vezes migra de outras áreas para trabalhar com cultura. A diretora destacou ainda a questão orçamentária do segmento, que não atende a maioria. “Falar em baixo orçamento é o óbvio. Os gestores sempre lidam com este dilema, poucos recursos, mas altíssima demanda, sobretudo em momentos de crise. Os recursos encolhem cada vez mais e as ações dependem de aportes privados, que por sua vez dependem das Leis de incentivo. E todos nós sabemos que a obtenção de patrocínio é como uma corrida de obstáculos e poucos conseguem alcançar a linha de chegada”, ressaltou.

Em sua palestra, Helena Severo também fez uma análise histórica da cultura brasileira, a partir da Semana de 22, até os dias atuais, contextualizando os avanços e retrocessos do setor no país. Lembrou iniciativas importantes como a criação da Funarte e da Embrafilme; a Constituição de 1988, que “foi generosa com a cultura destacando como direito de todos”; a implementação das duas Leis de Incentivo (Rouanet e do Audiovisual), que alavancaram o orçamento do Ministério da Cultura, na época, para realização de políticas públicas para este segmento; o projeto Monumenta (recuperação e preservação do patrimônio histórico); o Plano Nacional da Cultura (PNC), criado em 2010 para orientar o desenvolvimento de programas, projetos e ações culturais vigente até 2022, entre outras.

“Esta é uma análise histórica importante de todo o processo cultural até os dias atuais. Assim podemos conhecer o que aconteceu no passado para entender onde estamos agora e como precisamos avançar”, completou a presidente do Conselho, Vera Tostes.

Desde o ano passado na direção da Casa França-Brasil – ligada à Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa -, passou a ser exercida por Helena Severo. Ela aceitou a tarefa de valorizar este equipamento histórico, que sempre marcou o cenário artístico do Rio de Janeiro e do Brasil. “Para mim, é um desafio prazeroso porque sou fã daquele prédio. Pretendo retomar sua vocação de abrigar grandes exposições de acervos de média e grande escalas nas artes em todas as suas expressões, moda, arquitetura, pintura, gravura, escultura etc.”, garantiu.