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As medidas de setores da economia fluminense para a recuperação

Aeroportos, bares e restaurantes, turismo e certificações de compliance. Esses foram os temas centrais do encontro virtual do Conselho Empresarial de Governança e Compliance da ACRJ, realizado no dia 2 de outubro. A reunião foi coordenada pelo presidente Humberto Mota Filho, que recebeu quatro palestrantes que debateram a preparação de diversos setores para a retomada da economia pós-pandemia.

Durante os debates, Humberto Filho ressaltou que, apesar dos desafios e perdas apontados pelos palestrantes durante o encontro, a união e a interação entre os setores público e privado podem fazer toda a diferença. “A sociedade do Rio tem total capacidade de dar a volta por cima. Por meio da utilização da governança e do compliance como instrumentos fundamentais nesse processo de retorno da confiança, o estado tem potencial de garantir a volta dos investimentos tão necessários”, ressaltou.

O presidente propôs ainda a criação pelo Conselho, juntamente com os convidados, de uma cartilha que reúna as informações mais importantes apresentadas nas palestras, para orientar a sociedade em prol de uma retomada eficiente e segura para todos. “Uma cartilha com essas informações apresentaria não só o papel do empresário em uma retomada segura, mas também o papel do consumidor. Esse esforço só tem validade se for coordenado”, afirmou.

RIOGaleão: como o maior aeroporto do Rio de Janeiro se adequa para o fim da crise sanitária

“Até o fim do ano esperamos que 50% da malha doméstica de voos seja retomada. Já retomamos todas as nossas malhas em termos de destinos, mas ainda com baixa frequência”, afirmou o diretor de Negócios Aéreos do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, RIOGaleão, Patrick Jasper Fehring.

No entanto, segundo Patrick, o Rio ainda está abaixo da média de recuperação do Brasil. “Estimamos que o mercado brasileiro vai ter uma recuperação de 74% até o fim do ano, com a recuperação de 14 milhões de passageiros nesse período. Ainda é um número baixo”, alertou. A explicação desse fluxo reduzido, na visão do diretor, se dá pelo fato da divisão das malhas aéreas no Rio de Janeiro. Para enfrentar esse desafio, o aeroporto vem implementando medidas de segurança biológica fundamentais, como sensores de temperatura, por exemplo.

Ele descreveu o cenário atual do aeroporto, que ainda não retomou boa parte de sua malha regional e internacional. A regional – que engloba os países da América Latina – só opera atualmente com dois voos para o Chile. A expectativa é que o crescimento do fluxo de farmacêuticos vindos do exterior crie algumas conexões. Para ele, a reabertura das fronteiras com a Argentina será fundamental para essa retomada, pelo fato do grande interesse turístico no Rio de Janeiro. Ainda no aspecto positivo ressaltou a transferência do escritório de negócios da Coca-Cola para o Rio, causando grande impacto no tráfego aéreo.

“Retomada lenta e com muitas perdas”, aponta especialista no setor de bares e restaurantes

Responsável por mais de 100 mil empregos diretos no Rio de Janeiro, o setor de bares e restaurantes já perdeu cerca de 14 mil postos de trabalho desde o início da pandemia. Segundo a gestora de bares e restaurantes e membro do Conselho do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), Danni Camilo, por volta de três mil estabelecimentos já fecharam as portas na cidade, e a expectativa é de fechamento de mais dois mil nos próximos seis meses. “Esses fechamentos são inevitáveis, e muitos desses estabelecimentos representam a memória e a cultura da cidade”, lamentou.

“Os números são assustadores. A reabertura se deu a partir de julho, mas o movimento ainda está fraco. 85% dos estabelecimentos estão funcionando abaixo da capacidade anterior à pandemia”, explicou. Segundo Danni, o delivery ajudou na manutenção da renda, mas os aplicativos de entrega acabam ficando com boa parte da renda.

“Nosso setor é o que mais aceita pessoas em primeiro emprego. É um setor com mobilidade e crescimento de carreira, que emprega diversidade social e cultural, o que representa a cidade. A gastronomia passou a ser um destino turístico na cidade. O Rio tem grandes músicas, filmes, livros e novelas, que só foram possíveis graças a encontros em mesas de bar”, afirmou.

Pandemia atinge o Rio em momento de crescimento do número de eventos

“Vínhamos em uma perspectiva crescente no setor de eventos. O setor estava empolgado com o futuro. Com a Covid, começamos a ter perdas em abril. O impacto foi de 5 bilhões de reais de prejuízo até agora”, afirmou a coordenadora de Congressos e Eventos da Rio Convention & Visitors Bureau, Tatiana Kingston. De acordo com ela, as incertezas a respeito da doença não permitem saber quando estaremos livres dela. Dessa forma, “temos que aprender a conviver com a Covid”, afirmou.

Tatiana apresentou uma série de medidas e iniciativas desenvolvidas por todas as esferas do poder para o enfrentamento à Covid nos próximos meses. Como o selo Turismo Responsável, do Ministério do Turismo, e o selo Turismo Consciente, do Governo do Estado. A Secretaria de Estado de Turismo do Rio de Janeiro (Setur-RJ) também adquiriu o status de embaixadora do selo internacional “Safe Travels”. Todas essas medidas vieram para garantir que turistas e funcionários do setor se sintam seguros durante a pandemia. Mais detalhes sobre cada um desses selos podem ser encontrados na apresentação da coordenadora, disponível na íntegra por meio deste link.

ISO 37001 e melhorias em sistemas antissuborno

O diretor da RINA Brasil Serviços Técnicos Ltda., Jefferson Carvalho, comentou sobre certificações ISO em Compliance, e o equilíbrio nas relações público-privadas. O foco da palestra do diretor foi a ISO 37001, o Sistema de Gestão Antissuborno desenvolvido pela ISO (International Organization for Standardization). Toda a estrutura desse sistema é voltado para o estabelecimento, implementação, manutenção, análise crítica e melhoria de um sistema de gestão antissuborno.

“Nunca vi um programa de Compliance ruim, o desafio é saber se o programa funciona ou não. Para isso existe a certificação ISO 37001, que permite saber se determinada entidade realmente tem um programa. Essa certificação cobre todos os elementos de um programa de compliance”, explicou.