Conselhos Empresariais

Conselho Consultivo: a porta de entrada para a governança nas empresas

“A contribuição dos Conselhos Consultivos para a evolução das empresas fechadas” foi o tema do seminário promovido, dia 9 de maio, pelo Conselho Empresarial de Governança, Compliance e Diversidade da ACRJ. Este foi o primeiro evento anual realizado em parceria com o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) e é mais uma iniciativa que faz parte do convênio de cooperação firmado entre a ACRJ e o Instituto.

O seminário, moderado pelo presidente do Conselho, Humberto Mota Filho, contou com a participação dos conselheiros consultivos Leonardo Zylberman e Gaspar Carreira Júnior e a presença do presidente da ACRJ, Josier Vilar. Ao abrir o encontro, Humberto Filho lembrou que o Conselho Consultivo só se consolida quando demonstra, na prática, que agrega valor real ao negócio. “Ele não pode ser apenas um órgão decorativo ou protocolar. A confiança do sócio se conquista com entregas concretas, por meio de diagnósticos precisos, questionamentos estratégicos e recomendações que impactem positivamente o rumo da empresa”, disse.

Humberto Mota Filho moderou o seminário

O presidente Josier Vilar deu um testemunho sobre o momento em que sua empresa precisou contratar ajuda externa para auxiliar em algumas questões conflitantes com os sócios e destacou a importância dos conselhos consultivos. “Não dá mais para insistir em algo que não faz sentido. Se o seu prazer está em outra área, faça o que te dá propósito. Você já construiu, já prosperou, já garantiu seu patrimônio. Mas gestão é outra história. Por isso, acho que o papel dos conselheiros, nesse contexto, é fundamental”, destacou.

Leonardo Zylberman, conselheiro consultivo e de administração, coordenador do capítulo Rio de Janeiro e membro da comissão de conselhos de administração do IBGC, ressaltou a importância do conselho consultivo em empresas de capital fechado. Segundo ele, o papel dos conselhos deve ser justamente auxiliar o empresário, especialmente em empresas de capital fechado, a adotar, de fato, boas práticas.

“Costumamos dizer que o conselho consultivo é uma excelente porta de entrada para que empresários e sócios compreendam, experimentem e internalizem a dinâmica da governança corporativa, sem a formalidade e o rigor exigidos por um conselho de administração. Trata-se de um exercício estratégico que antecipa a maturidade empresarial”, explicou, acrescentando que determinadas boas práticas são exigidas de um conselho de administração, mas não necessariamente de um conselho consultivo. “Ainda assim, as diretrizes de governança são bastante similares. Governança é clareza. Um conselho consultivo bem estruturado oferece justamente isso, visão externa, experiência e orientação estratégica”, informou.

Leonardo Zylberman falou sobre a importância
do conselho consultivo em empresas de capital fechado

Ele mencionou a publicação do IBGC sobre o tema, estruturada de forma objetiva para facilitar a compreensão do assunto, dividida em três grandes blocos:  O que é o conselho consultivo – diferenças, convergências e utilidades práticas; Relação com o conselho de administração – diferenças, convergências e utilidades práticas; e Implementação e funcionamento. Saiba mais aqui

Em seguida, Gaspar Carreira Júnior, conselheiro consultivo, fiscal e de administração, membro de comitês de auditoria e riscos e especialista em finanças e governança abordou a contribuição dos conselhos consultivos para a evolução das empresas de capital fechado, em especialmente para as empresas familiares.

“O ponto é direto e inegociável: se 90% dos empreendimentos no Brasil são familiares e responsáveis por 65% do PIB e 75% dos empregos, então o peso da responsabilidade é brutal, não só para os donos, mas principalmente para os conselhos consultivos que os assessoram”, explicou. De acordo com ele, esses conselhos não podem ser burocráticos ou figurativos, precisam ser catalisadores de transformação. “O gargalo é claro, sucessão mal planejada, decisões personalistas e falta de continuidade estratégica. E aí entra a governança como ferramenta-chave, não como modismo, mas como alicerce”, completou. Saiba mais aqui

Gaspar Carreira Júnior (d.) abordou a contribuição dos conselhos consultivos
para a evolução das empresas de capital fechado

Josier Vilar também comentou sobre a sucessão nas empresas familiares. “Os conselhos consultivos são a ponte entre o legado e o futuro. E o Rio de Janeiro precisa muito dessa ponte agora. O cenário que vemos, principalmente no comércio de varejo no centro da cidade, é preocupante. Empresas familiares com herdeiros que não querem estar ali, mas também não abrem mão de ocupar espaço. É emocional e cultural, mas é também um entrave”, lembrou. Ele convidou todos a se juntarem à ACRJ na missão de mapear essas empresas, identificar os gargalos, apoiar a profissionalização e preparar a sucessão de verdade.

Josier Vilar comentou sobre a sucessão nas empresas familiares

“Chegou a hora de deixar o século XX para trás. O Rio precisa de empresas com visão de futuro, baseadas em inovação, transformação digital e, principalmente, em escolhas responsáveis. O sucessor pode ser da família — ou não. O que importa é ter alguém com preparo para conduzir o negócio. Esse é o passo que vai garantir a prosperidade duradoura das nossas empresas e do nosso estado”, disse.

O presidente do Conselho, Humberto Mota Filho, encerrou a reunião com a mensagem: “quer validar um conselho consultivo? Meça o impacto direto dele na clareza das decisões e na solidez da estratégia. Esse é o caminho para a legitimidade”, finalizou.