Este ano, a Inteligência Artificial (IA) ganhou ainda mais força e passou a ser vista como o motor do próximo salto de evolução tecnológica. Recentes aplicações comprovam que a capacidade dos computadores em fazer combinações e análise de dados, e mais que isso, de aprender e tomar, decisões superou a capacidade humana. E com o avanço computacional de processamento, as máquinas fazem isso num tempo e custo cada vez menor. E o que surpreende – e assusta – é que, diferente dos humanos que necessitam de um bom tempo para aprender determinados temas, um computador aprende algo muito rápido e a replicação para outro computador pode ser praticamente instantânea.
Com isso, por meio da análise e aprendizado dos nossos comportamentos no cotidiano, é bem provável que nos próximos 5 ou 10 anos, sugestões sobre como organizar as atividades do dia a dia surgirão na forma mais conveniente que cada um escolher. Isso se dará pela combinação de três áreas que estão avançando rapidamente nos últimos anos, apoiados a IA: neurociência, biotecnologia e robótica. E, acredite, tudo acontecerá através da ‘força do pensamento’ quando os sensores e chips estiverem implantados no corpo das pessoas.
E os objetos também serão assim, embutidos de IA e estarão todos conectados. Para os mais céticos, vale lembrar que atualmente o smartphone já faz isso para algumas pessoas, tornando-se como uma extensão do cérebro, apesar de ainda ser um objeto a parte. E uma boa quantidade de pessoas, e não somente os mais jovens, já se tornam totalmente dependentes, quase não sabendo como viver sem o aparelho. Apesar de nem sempre se provar verdadeiro, os pesquisadores e cientistas estão sempre buscando avanços tecnológicos e inovações para tornar a vida das pessoas e da sociedade melhor.
Acompanhar o desenvolvimento tecnológico é fundamental para buscar novas oportunidades para tentar resolver não só os novos, mas também os problemas antigos. A capacidade computacional está cada vez mais acessível, e projetos considerados inviáveis até pouco tempo atrás, agora começam a se tornar possíveis. Nos últimos anos, cada vez mais pessoas e objetos estão conectados, registrando e transmitindo uma quantidade enorme de dados, que servirão para gerar uma série de conhecimento para tomada de decisões.
Voltando a conversa para os dias atuais, usemos o Rio de Janeiro como exemplo. Assim como outros locais, a Cidade Maravilhosa passar por um período desafiador. E uma das grandes dificuldades é entender qual o principal problema ou qual deveria ser a prioridade de investimento.
Os especialistas surgem com os mais variados dados e teorias, e não há consenso. Alguns defendem que o turismo e os locais preparados para receber megaeventos esportivos e culturais deveriam ser priorizados, até por conta da melhoria da rede hoteleira. Outros defendem que a malha e o acesso a transporte de melhor qualidade deveria ser a prioridade, pois o deslocamento tem sido alvo de reclamações, tanto para moradores quanto para turistas. Há aqueles que colocam a violência como principal problema, ou seja, a prioridade deveria ser na segurança. Outros especialistas defendem que as coisas irão melhorar somente quando houver uma modernização da gestão pública. Provavelmente todos estão certos nos seus pontos de vistas, de acordo com suas próprias experiências.
Para entender o que a população da cidade realmente quer, a ACRJ e a TIM fizeram uma pesquisa com mais de 1.200 pessoas no Rio de Janeiro. Enquanto 44% dos entrevistados afirmaram que a situação econômica da família continua igual ou melhorou no ano, para 91% a situação do Estado piorou em 2017. Partindo do princípio que todo problema é uma oportunidade de melhoria, o passo inicial é reconhecê-los e priorizá-los.
De uma forma geral, independente da faixa etária ou entre aqueles que acham que a situação está melhor, igual ou pior, se confirmaram como os problemas mais críticos: segurança, saúde, educação e a corrupção.
Mas e aí, o que fazer?
Que tal surfar essa onda de inovações tecnológicas para encontrar novas soluções? Esquecer um pouco das tentativas do passado. Não ter pudor em tentar novamente soluções que não deram certo antes, procurando novas abordagens? E aproveitar o desenvolvimento tecnológico para qualificar as pessoas, melhorar a produtividade, modernizar a gestão de serviços, mostrar-se para o mundo, resgatando a confiança e orgulho dos moradores da Cidade Maravilhosa e de todo o País?
Um dos conceitos que mais se solidificaram nos últimos anos é o da Sharing Economy, ou economia do compartilhamento. É o conceito dos indivíduos contribuírem em benefício do coletivo, e por consequência de si próprio. O navegador Waze é um bom exemplo. As pessoas que utilizam abrem mão do acesso aos seus dados. Ao fazer isso, outros que tem rotas de interesse similar podem acabar optando por fazer o mesmo trajeto ou um alternativo melhor. E quanto mais pessoas estiverem utilizando, melhor a informação do aplicativo para todos.
Lembrem que nesse conceito, os próprios moradores de cada região poderiam ser ótimos geradores de ideias para solucionar os problemas, como o da falta de segurança. Certamente trarão pensamentos diferentes daqueles que não vivem os problemas. Imaginem se um morador pudesse opinar abertamente sobre ideias e soluções para melhorar a segurança, e outros moradores pudessem votar positivamente ou negativamente nas soluções propostas.
Ou ainda, se pudessem agregar novos elementos às soluções propostas. Para participar do debate o morador teria que se cadastrar, porém com a opção de aparecer de forma anônima nessa plataforma de discussões. E para estimular que isso aconteça, haveria algumas empresas contribuindo tanto para premiar as melhores contribuições com descontos em seus produtos e serviços ou patrocínio para colocar em prática a solução proposta. E o interesse dessas empresas seria na busca pela solução de problemas que incomodam todos, se tornando mais próxima da população.
E mais ainda, contribuindo para solução de problemas que para melhorar a condição da cidade num futuro próximo. Seria a criação de um verdadeiro círculo virtuoso de geração de ideias e soluções, com debate aberto, verificação de nível de interesse, e, por consequência, com maior probabilidade de solução viável.
Para se preparar ou estimular novas tendências, é necessário estudar o comportamento. Comportamento que se adapta conforme o ambiente, seja no segmento de moda, consumo de alimentos, uso de tecnologia, etc. E para entender o ambiente e o comportamento das pessoas, é necessário um período de observação e da coleta de dados.
E se tem algo que tem alterado o comportamento humano nos últimos anos, é o fato de as pessoas estarem mais conectadas à internet via telefone celular. Já entramos numa era em que, além das pessoas, os objetos também estão ganhando capacidade computacional e se conectando a outros objetos e a rede de computadores. E não estamos falando de futuro, estamos falando de agora.
As diversas câmeras de vigilância espalhadas nas lojas por exemplo. Respeitando a privacidade das pessoas, além do objetivo de segurança, o passo seguinte seria usá-las para entender volumetria, tipo e cor das roupas, altura média ou tipo físico dos visitantes, entre outros. Esses dados por si já agregariam valor para proporcionar um entendimento do movimento por perfil por local de cada loja.
O passo seguinte seria a combinação com outros dados externos como, por exemplo, o clima. Permitiria a leitura de que nos dias mais secos, pessoas de diferentes perfis utilizam determinados tipos de roupas de algumas cores especificas, e que o fluxo de entrada e saída das lojas aumenta em 10% em determinados horários. Poderia ainda integrar os dados de vendas.
Lembrando que hoje temos serviço de previsão de tempo para as próximas semanas, quanto valeria a esse lojista saber que: em dias mais quentes e úmidos aumenta o fluxo de homens de média idade nas lojas localizadas na zona norte no horário de almoço, em busca de camisas de cores mais claras, o que poderia render em conversão de vendas de 70%.
A adoção de soluções tecnológicas pelas pessoas e empresas criou um enorme potencial de coleta de dados que estão sendo subutilizados. Poderíamos extrapolar o exemplo acima para diversos outros setores e usos. Se imaginarmos, existe uma oportunidade grande de antecipação, que se inicia através da coleta de dados. E esse é o ponto chave: dados. Como colocado pela capa da revista The Economist, “The world’s most valuable resource is no longer oil, but data” reforçando que as empresas que coletam dados e aplicam conhecimento, ultrapassaram o valor das empresas do setor de óleo e gás.
Na TIM, já temos alguns bons exemplos de como essa troca de dados pode ser benéfica para todos. Na área de Saúde, estamos desenvolvendo uma solução que vai auxiliar o usuário a identificar a melhor unidade de atendimento em sua região, com informações sobre distância a ser percorrida, filas de espera e tempo de atendimento previsto em hospitais, postos de saúde e unidades de pronto atendimento. O projeto piloto acontecerá no interior do estado do Rio de Janeiro, ainda neste ano.
Já a Zeladoria Urbana Participativa (ZUP) é um software livre desenvolvido pelo Instituto TIM para a gestão de serviços e ativos urbanos, com a participação da sociedade no mapeamento das demandas e acompanhamento de serviços. ZUP pode ser adotado por qualquer município que tiver interesse em gerir seus serviços públicos de forma mais eficiente, transparente e participativa. Também instalamos os Biosites, uma solução inovadora e pioneira da TIM baseada em um novo modelo sustentável para cobertura de rede da operadora. Com a solução, é possível expandir a área de abrangência de cobertura da companhia associada a um menor impacto urbanístico. Atualmente a TIM tem mais de 550 biosites ativos no país.
Em todos estes exemplos, tivemos a colaboração mútua dos setores público e privado, tudo isso com o intuito de que a tecnologia seja um meio para que possamos, cada vez mais, beneficiar a população. Quanto mais dados utilizados da maneira correta, sigilosa e inteligente, melhor o aprendizado e maior o benefício para todos.
Luis Minoru Shibata
Conselheiro da ACRJ e vice-presidente de Estratégia e Inovação da TIM Brasil