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Objetivos da ONU 2030 para Educação e Trabalho. O que temos a ver com isso?

Objetivos da ONU 2030 para Educação e Trabalho. O que temos a ver com isso?

Artigo do presidente do Conselho Empresarial de Educação da ACRJ, Paulo Milet (*)

Em artigo anterior sobre Educação e Trabalho (leia aqui) procurei retratar as implicações das novas tecnologias no mercado de trabalho e mostrei que mais do que ameaças aos empregos, o que existe é uma grande possibilidade de crescimento, desde que as devidas providências sejam tomadas a tempo.

Continuando por aqui…

Eu tenho usado como referência para qualquer rodada de planejamento estratégico e sugiro a todos, incluindo governos e empresas, o uso dos ODSs da ONU para 2030 (são achados facilmente na internet).

São 17 esses Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), que se subdividem em centenas de metas, que, se cumpridas, tornariam o nosso planeta um espaço muito melhor para se viver. Fortuitamente, as empresas e seus clientes e investidores estão descobrindo o mundo ESG (ASG – Ambiente, Social e Governança em português) onde os ODSs terão seguramente um papel relevante.

Quero destacar aqui dois desses ODSs 2030 e que cabem bem no planejamento dessa evolução no campo do trabalho e da educação para os próximos anos:

ODS 4: Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade

4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável

ODS 8: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos

8.2 Atingir níveis mais elevados de produtividade das economias por meio da diversificação, modernização tecnológica e inovação, inclusive por meio de um foco em setores de alto valor agregado e dos setores intensivos em mão de obra

8.3 Promover políticas orientadas para o desenvolvimento que apoiem as atividades produtivas, geração de emprego decente, empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros

Esses dois objetivos são totalmente transversais. É impossível gerar trabalho para todos sem a Educação e impossível Educação para todos sem o uso intensivo de novas tecnologias.

Para o país conseguir atingir minimamente esses objetivos até 2030, precisamos de metodologias, tecnologias e habilidades, e principalmente de novas formas de aprender.

Precisamos ter consciência de como aprendemos. Isso se chama metacognição. Se soubermos isso, aprenderemos melhor e mais rápido. Sistemas adaptativos de aprendizagem (adaptive learning) incorporando algo de IA podem ajudar bastante.  Pense comigo: Existe algo menos produtivo do que um professor dando a mesma aula, da mesma forma e no mesmo horário para 40 alunos? Temos que fugir disso e aproveitar melhor nossos professores.

Precisamos de uso mais intenso de Tecnologias Educacionais:

  • Personalização do aprendizado (Adaptive Learning – Mastery Learning- Micro Learning)
  • Gamificação/ Realidade Virtual/ Realidade  Aumentada
  • Gerenciamento – Big Data + Inteligência Artificial
  • Curadoria de conteúdo (Papel dos professores) a ser incentivado nos alunos
  •  Pedagogia – Andragogia – Heutagogia

Não estou aqui falando apenas de alunos em salas de aula. Esses são menos de 60 milhões. Falo também dos outros mais de 100 milhões de adultos que compõem a PIA (População em Idade Ativa). O conceito de Educação ao longo de toda a vida (LifeLong Learning) aliado à introdução de novas tecnologias na sociedade, cruzando com TODAS as profissões atuais e criando novas que ainda nem sabemos quais seriam, nos obriga a sermos mais ágeis. E nas salas de aulas e escolas convencionais não cabem esses 100 milhões de adultos que podem aprender no modo Heutagógico (auto aprendizado dos adultos).

A tecnologia para essa inclusão já existe. A CONECTIVIDADE para todos passa a ser uma obrigação e meta para todos os governantes.  

Howard Gardner, professor e escritor famoso pela teoria dos 8 tipos de inteligência, tem outro livro (As 5 mentes para o futuro) onde descreve as características (mentes) que podem ser desenvolvidas pelas empresas, escolas e pessoas para melhor aproveitar as oportunidades nos trabalhos e atividades nos próximos anos.

Essas cinco mentes para o futuro são a Capacitada (ele chama de Disciplinada; a Sintetizadora; a Criadora; a Respeitosa; e a Ética). E que ele resume desse modo:

Sem o conhecimento em alguma disciplina, não terão sucesso em qualquer local de trabalho;

Sem capacidade de síntese, serão esmagadas por informações e não conseguirão tomar decisões criteriosas;

Se não tiverem capacidade criadora, serão substituídas por computadores e sistemas automatizados;

Se não tiverem respeito, não serão respeitadas nos locais de trabalho; e

Sem ética, gerarão um mundo desprovido de trabalhadores decentes e de cidadãos responsáveis.

Podemos listar outras capacidades que se enquadram na categoria “soft skills”: responsabilidade; solução de problemas; criatividade; lógica; pensamento crítico; colaboração; e capacidade de buscar e selecionar informações (será fundamental a capacidade de separar e identificar o que é fake ou não).

Yuval Harari defende que as escolas deveriam passar a ensinar os 4 Cs – Pensamento Crítico, Comunicação, Colaboração e Criatividade.

Adam Grant também destaca a curiosidade e eu completo que a curiosidade é a mãe da criatividade.

O desafio está colocado e o Metaverso vem aí…

(*) Paulo Milet é consultor em gestão, Inovação e EaD, presidente do Conselho Empresarial de Educação da ACRJ, formado em Matemática pela UnB, com pós em Administração Pública pela FGV e CEO da ESCHOLA.COM.