A divulgação da inflação dos Estados Unidos, acima do esperado, acendeu ainda mais o alerta sobre o cenário econômico mundial. O Índice de Preços ao Consumidor acumula alta de 8,2% nos últimos 12 meses, puxado pela alimentação, habitação e assistência médica. A análise foi feita por especialistas durante reunião do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ, realizada dia 13 de outubro.
Com esse resultado, o crescimento norte-americano deve ficar na casa de 1% em 2023. E para a China, a previsão é de um pouco mais de 3% esse ano e em torno de 4% para o próximo.
“A inflação dos Estados Unidos está explodindo e, com isso, o cenário internacional em 2023 será difícil e desastroso para as empresas, se não conseguirem rolar suas dívidas”, afirmou o conselheiro Ney Brito. Para ele, haverá um impacto no Brasil, que já sofre com a variação cambial e com as taxas de juros globais. “E não será um impacto desprezível. Não vamos passar imune por essa crise”, constatou ao lembrar que o crescimento da economia brasileira para o ano que vem deve ser melhor que em 2022. A previsão é de 2,8%, após revisão do PBI (Produto Interno Bruto) pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Outro ponto abordado foi sobre a construção civil, um importante termômetro para a economia. O conselheiro José Otávio Carneiro de Carvalho informou que o consumo de cimento caiu 3,8%, acumulado nos últimos 12 meses, e 3% de janeiro a setembro. “Não há indicativo que vá reverter essa queda. Acho que está ligada a massa salarial”, comentou. Segundo ele, o programa Casa Verde e Amarela, do Governo Federal, também contribuiu, já que apresentou queda em relação a 2021.
José Domingos Vargas, membro do Conselho, reforçou que o cenário é bem difícil e que a expectativa da construção civil para baixa renda não é boa para o ano que vem. “A avaliação ruim é também por causa da má utilização do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que está sendo usado para o consumo. O programa do governo foi criado tradicionalmente para ajudar no financiamento de imóveis”, explicou. Ainda sobre o tema, o conselheiro Marcio Fortes lembrou que os juros estão altos. “Os juros passaram de 4% para 14%. Pensando no consumidor, não tem como pagar os juros do financiamento”, ressaltou.
Durante a reunião, o conselheiro Mauro Viegas Filho comentou uma apresentação do Governo Federal sobre o Programa de Parcerias de Investimentos. Ele destacou, como uma das iniciativas, a concessão dos aeroportos do Rio, no caso Galeão e Santos Dumont, e o esforço da ACRJ, Fecomércio e Firjan, entre outros, para que o leilão seja feito em conjunto. “A concessão dos dois aeroportos no mesmo pacote é fundamental, principalmente pela situação delicada do Galeão”, reforçou.
O presidente do Conselho, embaixador Marcílio Marques Moreira, enfatizou a importância do mês de outubro por conta das eleições. “Vamos em frente. Esse mês ainda temos o 2º turno das eleições e é muito importante. Que não percamos nunca o encanto pelo Brasil”, concluiu.