Por Aristóteles Drummond, Grande Benemérito da ACRJ
O Barão de Mauá foi mais do que a Praça e a estação ferroviária que levam seu nome. E a cidade da Grande São Paulo. Foi o empreendedor do segundo reinado, o homem que criou a ferrovia brasileira, que investiu aqui e no Uruguai, um pioneiro no mercado comum do continente.
Esse homem foi o grande dirigente da Associação Comercial do Rio, que com sua congênere baiana formaram a mais importante representação empresarial do Brasil no século XIX.
Sua importância ganha atualidade neste momento em que a voz do empresariado se torna importante no sentido de defender um programa desenvolvimentista, com a busca pelas avaliações em que nosso país anda longe do ideal. Assim como o índice de poupança interna, de produtividade, qualidade e força de trabalho moderna, preparada e apta a corresponder aos avanços da tecnologia nos processos produtivos. No campo, vamos bem, com a presença estatal via Embrapa, oportuna criação do Presidente Médici, gaúcho como Irineu Evangelista, o Barão de Mauá. Mas na indústria estamos a perder importância, mesmo no PIB nacional, que já representou um terço e hoje mal passa dos 10%.
Atualmente, a Associação Comercial volta a ter relevo, como com o almoço que realizou em conjunto com a Firjan em torno do ministro Paulo Guedes. O que falta ao governo federal em comunicação e trato político sobra em avanços e na consolidação de um quadro promissor, caso não seja derrubado pelo atraso dos que não acreditam no empreendedor, no investimento privado e no mérito.
A Casa do Empresário, conhecida como Casa de Mauá, ACRJ, tem dado ao Brasil um voluntariado da melhor qualidade através dos tempos. No século passado, o grande dirigente João Daudt de Oliveira, também fundador e primeiro dirigente da Confederação Nacional do Comércio, cuja primeira sede foi justamente na Candelária, 9, seguido do estadista sem mandato Rui Gomes de Almeida, o grande e melhor conselheiro econômico de Getúlio e JK, apoiador de Revolução Redentora de 64.
Rui Gomes, depois de comandar a casa e seus órgãos dirigentes por mais de dez anos, passou o bastão a dois outros homens notáveis, Antonio Carlos Osorio e Rui Barreto. A entidade vem mantendo qualidade na sua direção, mas se iguala às suas maiores referências neste momento em que é dirigida por José Antônio do Nascimento Brito, um estrategista do desenvolvimento, com experiência e presença na vida empresarial do país em diversos campos de atuação.
É preciso olhar para o que pensa e o que diz uma entidade com essa trajetória dentro de nossa história, quando estamos às portas de uma decisão sobre os rumos do futuro de nossa economia e da liberdade de empreender, opinar e gerar riqueza, com empregos e política fiscal competitiva num mundo que busca melhorar a vida dos povos. Precisamos de ambiente favorável ao investimento, de ordem, de menos estado e menos impostos.
Hoje, o Brasil está realmente em condições de quebrar o tabu de que o hemisfério sul, com tanto potencial, não acerta na gestão, nas escolhas e na continuidade do que dá certo. Muitos vizinhos ignoram benfeitores e embarcam na aventura elitista com viés totalitário e da geração de privilégios nunca institucionalizados na história.
Sem representação independente, o empreendedor, nacional ou multinacional, não se sentirá protegido da demagogia populista que infelicita esta metade do mundo.
Quem viver verá!
Publicado no Jornal Correio da Manhã 21/09/22