Por Gilberto Ururahy, presidente do Conselho Empresarial de Medicina e Bem-Estar da ACRJ
Pressão alta, excesso de peso, insônia, sedentarismo, níveis elevados de gordura e açúcar no sangue: isoladamente, são alterações que fazem um estrago na saúde. Pior ainda quando estão associadas, caracterizando a um mal chamado de síndrome metabólica. Consequência da má alimentação e da vida sedentária, a síndrome aumenta o risco de doenças cardiovasculares (infarto e derrame), diabetes e até insuficiência renal, mas pode ser evitada com a reeducação alimentar, a prática regular de exercícios, sono de qualidade a gestão do estresse crônico.
A síndrome tem relação direta com a resistência ao hormônio insulina, que por sua vez, é um efeito do excesso de peso e do acúmulo de gordura visceral, aquela que se concentra no abdômen. A definição leva em conta alguns índices. Você tem a síndrome se apresentar três ou mais dos seguintes critérios:
– medida de cintura igual ou acima de 94 centímetros em homens e igual ou acima de 80 centímetros em mulheres;
– colesterol total acima de 180 mg/dl. O HDL-colesterol (a fração boa) menor ou igual a 40 mg/dl em homens ou menor ou igual a 50 mg/dl em mulheres. O LDL-colesterol (a fração ruim) acima de 100 mg/dl (alguns autores falam em 70 mg/dl);
– triglicerídeos acima de 150 mg/dl (miligramas por decilitro);
– pressão maior que 130 x 80;
– glicemia de jejum maior que 100 mg/dl.
Uma pergunta comum é por que a circunferência abdominal é um critério para diagnosticar a síndrome?
As células que se acumulam no abdome são mais ativas e perigosas, do ponto de vista metabólico, que as outras partes do corpo, provocando resistência à insulina e produzindo substâncias que aumentam a inflamação. Parte vital das defesas do sistema imunológico, a inflamação também costuma ser “fogo amigo”, ao deslanchar e manter o processo de acúmulo de placas de gordura nas artérias (ateroma) e a consequente formação dos trombos que as entopem.
Nas pessoas com síndrome metabólica, os níveis de açúcar no sangue mantêm-se elevados depois da refeição. A partir daí, acontece uma reação em cadeia prejudicial ao organismo. O pâncreas, “sentindo” que os níveis ainda estão altos, continuam a bombear insulina para as células. Quando essas taxas altas de insulina e açúcar são constantes, cresce o risco de dano às paredes arteriais e os trombos se formam com mais facilidade. O trabalho incessante do pâncreas pode provocar sua exaustão e ele deixa de fornecer a insulina necessária ao organismo. No tocante aos rins, as alterações podem reduzir sua capacidade de remover o sódio, o que contribui para a hipertensão.
Em nossos estudos, após realizar 200 mil check-ups médicos, em homens e mulheres, identificamos que:
70% convivem com altos níveis de estresse,
65% têm excesso de peso corporal,
60% são sedentários,
50% possuem HDL-Colesterol baixo,
40% triglicerídeos elevados,
35% convivem com insônia,
35% têm esteatose hepática,
22% são hipertensos,
20% são obesos,
9% são diabéticos.
Dependendo da avaliação, o médico pode ajudar você a reduzir os riscos com medicamentos para controle da pressão, redução do colesterol e perda de peso (manter o peso adequado reduz seu risco cardíaco em até 45%). Há diferentes classes de fármacos e a prescrição depende do quadro clínico de cada paciente. Entretanto, lembre-se de que o melhor remédio para o corpo são as mudanças no estilo de vida: ter uma noite reparadora de sono, praticar atividades físicas regularmente, controlar o peso, o diabetes, os níveis de colesterol e triglicerídeos, ter uma alimentação balanceada, não fumar, evitar o excesso de sal e de bebidas alcoólicas, gerenciar o estresse e controlar a pressão arterial.
Saúde é prevenção!
Artigo publicado no site da Veja Rio. Acesse aqui