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Mudança do auxílio emergencial terá repercussão na economia

A probabilidade de o Governo Federal prorrogar o auxílio emergencial até o fim do ano com valor inferior aos R$ 600, pagos até agora, deve causar impactos significativos na economia brasileira. A avaliação foi feita pelo Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ, durante reunião virtual, realizada dia 20/08.

Segundo os conselheiros, o “consumo formiga” deve durar até o fim do ano com a prorrogação do auxílio do governo, que está sendo útil para a economia, para o comércio local e assegurar a renda, principalmente, dos informais, que ficaram inativos durante o isolamento social. Eles informaram que três segmentos cresceram e ajudaram a movimentar os negócios nesse período: varejo de materiais de construção civil, inclusive cimento, o agronegócio e o setor de embalagens, que foi impulsionado pelo comércio remoto.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento e conselheiro da ACRJ, Paulo Camillo Vargas Penna, afirmou que as vendas no segmento foram muito ruins nos primeiros meses do ano, mas passaram a superar as expectativas em junho e julho. O crescimento em junho foi de 24% e em julho de 18%, se comparado a 2019. Após quatro anos de crise da construção civil e da indústria de cimento, iniciada em 2014, com queda de 30% nas vendas e 20 fábricas fechadas, a expectativa é de crescimento de 3% ou mais. De acordo com Paulo Camillo, a retomada de obras já iniciadas da construção civil, principalmente na área residencial, e a autoconstrução em casas, apartamentos e no comércio fizeram com que os números se mostrassem surpreendentes.

Ele explicou que com o isolamento social a casa deixou de ser apenas um refúgio, mas também local de trabalho e lazer, e as pessoas, por necessidade de reformas ou por inquietude devido ao distanciamento, optaram por consertar ou transformar tal espaço. No campo comercial, houve pequenas obras em comércios menores, pequenas e médias empresas, que não teriam como ser feitas em fins de semana. Tais reformas se tornaram significativamente grandes e geraram uma demanda de cimento importante. Os conselheiros creditaram esse cenário, em parte, ao recebimento do auxílio emergencial, no caso residencial, já que as pessoas utilizaram parcela do valor para melhorar suas vidas ou realizar depósito em cadernetas de poupança. No entanto, alertaram que esses fatores podem ser transitórios e que é preciso cautela para projeções futuras.

Os membros do Conselho estão cautelosamente otimistas com 2021, em parte pelo Novo Marco do Saneamento, que prevê a universalização da prestação de serviços até 2033, garantindo que 99% da população tenham água potável e 90% de tratamento e coleta de esgoto, o que deverá alavancar obras de infraestrutura e, consequentemente, contribuir para o crescimento de vários setores da economia brasileira.

Para o presidente do Conselho, estamos em um processo de tripla transição. “A primeira, concluir a superação da recessão, entre 2014 e 2017. A segunda transição agora que é a pós pandemia, e o estado em que se encontrava a economia por causa do surto do coronavírus e do distanciamento social. Finalmente, enfrentamos sérias tendências que já estavam em curso, mas que a pandemia acelerou, em especial, a digital, com mudanças tecnológicas e também culturais, entre elas o “home office” e o ensino e comércio remotos. Essa nova cultura é fundamental tanto no nível governamental, da União, estados e municípios como de todas e quaisquer empresas”, ressaltou Marcílio Marques Moreira.

No cenário internacional, os conselheiros destacaram os Estados Unidos com a eleição presidencial, e a entrada dos países emergentes no radar dos investidores, puxados pela China, que vem apresentando uma recuperação econômica forte.