“O tratamento é o caminho para a cura de doenças, mas o diagnóstico correto e precoce é ainda melhor. E a prevenção é o maior benefício”, afirmou o presidente do Instituto Cultural Brasil-Japão, Sohaku Bastos, em sua palestra para o Conselho Empresarial de Assuntos Culturais da ACRJ, no dia 12 de agosto. O palestrante, formado em medicina oriental pela Escola Imperial de Medicina do Japão, falou sobre tratamento da saúde no contexto da cultura japonesa.
Para ele, deveria haver um investimento maior em medicina preventiva. “Os métodos preventivos voltados para os problemas do ser humano são fundamentais. Isso os orientais sabem fazer muito melhor do que nós”, explicou.
Ao apontar os benefícios da medicina alopática e suas tecnologias no combate a doenças agudas, ele ressaltou que os métodos orientais complementam os tratamentos tradicionalmente aplicados no ocidente, sendo especialmente importantes no combate a patologias crônicas, que vêm aumentando nas últimas décadas. “Estilo de vida, alimentação e fatores hereditários são os principais elementos que nos levam às doenças crônicas”, afirmou.
Entre esses males, Bastos destaca a ansiedade e a depressão, “o problema do mundo” atualmente. “Essas morbidades não são só mentais, mas psicossociais. E elas trazem consigo uma série de problemas, os sistemas endócrino e imunológico são muito afetados”, explicou.
Segundo o especialista, essas doenças impactam em nível celular, causando envelhecimento precoce e redução da qualidade de vida.
Sohaku Bastos destacou o exemplo dos idosos de Okinawa, uma pequena ilha ao sul do arquipélago japonês. Mesmo após 100 anos de vida, eles conseguem manter um estilo de vida ativo e saudável. “Algumas pessoas podem dizer que isso se trata da genética japonesa. No entanto, os japoneses das metrópoles de Tóquio ou Osaka tem a mesma expectativa de vida dos ocidentais”, detalhou.
O segredo, segundo ele, é o ikigai, ou “razão de viver”. Essa filosofia de vida consiste em buscar um ikigai claro, proporcionando satisfação e propósito que justifique a existência, sendo um fator fundamental para a longevidade. O ikigai é definido por diversos elementos que proporcionam qualidade de vida para o indivíduo, como a meditação. Chamada de mindfulness no ocidente, essa técnica vem sendo usada para tratamento de estresse. “No Japão, eles chamam isso de meditação do coração. A meditação nos leva ao autoconhecimento”, explicou.
Egoísmo também seria uma característica capaz de aumentar as probabilidades de doenças. “O egoísmo é o primeiro sinal de problemas. A visão japonesa de coletividade não é de massificação, mas de cuidado com o outro, de troca. Ao observar esses aspectos culturais, vemos que o japonês mantém seu organismo em homeostase: o corpo em equilíbrio. Isso gera um tipo de resiliência que afeta todos os aspectos da cultura japonesa. Esse comportamento reduz a adrenalina, a noradrenalina e o cortisol, este conhecido como hormônio do estresse. Esses hormônios são importantes, mas podem gerar prejuízo a nossa saúde”, concluiu.