Um plano de ações sobre a Intervenção Federal, com 80 páginas, será entregue pelo general Walter Braga Netto ao presidente Michel Temer ainda essa semana, informou o Interventor da Segurança Pública do Rio em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), nesta quarta-feira. O documento pede concursos para as polícias, compra de armas, munições, coletes e veículos, além da convocação de aprovados em concursos anteriores. O seminário, que reuniu juristas, especialistas em segurança e o terceiro setor, se propôs a analisar e entender o período de quase quatro meses de ação e o legado que a Intervenção deixa para o Estado do Rio. O evento contou com um público de mais de 200 pessoas.
Os índices de criminalidade nos últimos três meses deste ano apresentam queda, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), divulgados pelo general Braga Netto. No entanto, ainda permanece sem conclusão o caso de maior repercussão no período, a morte da vereadora do PSOL Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. O Interventor explicou que o caso foi prejudicado pelo vazamento de dados sigilosos, mas que “A investigação está indo muito bem, ou melhor, bem, porque tivemos prejuízo na com o vazamento de informações sobre o caso, mas isso não impede de se chegar à solução”, disse. No entanto, se mostrou bastante otimista sobre o cenário futuro. “A intervenção dará certo e tenho certeza que será um case de sucesso”, avaliou.
Sobre a verba federal de R$ 1,2 bilhão, ainda não foi possível usá-la por conta de detalhes burocráticos, informou o general Paulo Roberto Pimentel, subchefe do Gabinete de Intervenção, que palestrou para o público. “Passamos por uma série de entraves. O que a gente está terminando é aquela burocracia de aquisições pela Lei 8.666”, afirmou. Já Braga Netto esclareceu que o processo de liberação da verba está na Casa Civil da Presidência da República. “Está aguardando assinatura o decreto que cria a estrutura regimental do Gabinete de Intervenção”, explicou.
A socióloga Silvia Ramos, responsável pelo Observatório da Intervenção criado pela CESeC/Universidade Candido Mendes, apresentou dados do balanço de três meses elaborados por sua equipe e questionou as megaoperações policiais. “Essas ações que acontecem de madrugada, de forma que não é esclarecida, e matam oito pessoas. Nós pensávamos que isso, sob a Intervenção, seria reduzido ou não seria tolerado ou autorizado”, reforçou a socióloga. “O que me preocupa é que essa oportunidade criada pela intervenção possa estar sendo perdida no meio de tantas operações que vêm sendo feitas sem resultados efetivos”, finalizou Silvia.
Participaram ainda do evento Fernando Bomfiglio, presidente do Conselho Empresarial de Competitividade da ACRJ, Humberto Eustáquio Cesar Mota, presidente do Conselho Superior da ACRJ, o general de brigada Paulo Roberto Rodrigues Pimentel, subchefe do Gabinete de Intervenção Federal, o presidente do Conselho Empresarial de Segurança da ACRJ, Luciano Saldanha Coelho, o desembargador federal Reis Friede, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2); Mauro Osorio, presidente do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP) e Rubem César Fernandes, diretor Executivo da ONG VIVA RIO.
Textual Comunicação
Assessoria de Imprensa da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ)
http://www.textual.com.br