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Pedido de socorro

Pedido de socorro

(Acho que colocarei esse bilhete dentro de uma garrafa e jogarei no mar)

Com tudo o que tenho lido e escutado por aí, cada vez me preocupo mais com nossa cidade – ainda maravilhosa. O ano está acabando pelo calendário, mas isso não muda o cotidiano de nós, moradores. É como se um ano novo nos fizesse esquecer o tempo perdido e irrecuperável. Sei que o orçamento fiscal da Prefeitura acompanha mais ou menos este calendário. Contudo, o que isso realmente importa para o habitante, que percebe, há mais de dez meses, que serviços e investimentos necessários a uma boa qualidade de vida sumiram? Temos hospitais públicos com falta de medicação; o transporte público sem conforto, pontualidade ou higiene; espaços públicos sem conservação; etc.

As empresas de comunicação só estão empenhadas em divulgar crimes e desvios de conduta de empresários e parlamentares. Não que essas informações não sejam necessárias, mas o lugar onde vivemos com nossa família, amigos e vizinhos é a cidade. Será que o Ministério Público precisa intervir por meio de suas denúncias, geralmente baseadas em informações da imprensa, para que alguém veja como a cidade, os bairros, as ruas e os prédios, tanto residenciais quanto comerciais, estão esvaziando?

A cidade teve a sorte e o privilégio de receber os Jogos Olímpicos em 2016. Vivemos dias e mais dias de puro orgulho, felicidade e esperança. Acabou. E parece que nós mudamos de planeta.

O que mais vejo são lojas de grandes centros de bairros fechando, janelas e janelas por todos os cantos com placas de “vende-se”, e noites de ruas vazias. Onde está aquela alegria do carioca de festejar a vida? De bater perna sem compromisso? De jogar conversa fora no boteco?

Por favor, senhor prefeito, vereadores, dirigentes e sociedade civil, acordem! Sempre há tempo de reverter um caminho. Não é difícil, basta vontade, boa vontade. 

Sou municipalista e sei que fazemos parte de um país em crise, de um estado roubado e maltratado, mas vamos procurar bons exemplos e adotá-los. Nada precisa ser inventado, temos plena consciência do que é certo e errado. Amo essa cidade onde nasci, onde nasceram meus filhos e estão nascendo meus netos. Não pretendo me arrepender de educá-los gostando daqui, sem necessidade de buscar uma vida melhor fora do país.

Parece que precisamos de reflexão e, por isso, insisto na máxima: “Vivemos na cidade”.

Angela Fonti
Arquiteta, servidora municipal aposentada e vice-presidente de Patrimônio da ACRJ