O diplomata Hermano Telles Ribeiro, embaixador do Brasil no Líbano, participou da reunião virtual do Conselho Empresarial de Política e Comércio Exterior, dia 23/6, a convite do presidente do Conselho, Eduardo Lessa Bastos, contato intermediado pela conselheira Isabel Schmidt. Ele falou sobre a situação geopolítica libanesa e a relação do Brasil com o país.
O embaixador assumiu no ano passado, após a explosão ocorrida no porto de Beirute, gerando uma crise no Líbano que dura até hoje. “O país está sem primeiro-ministro há 10 meses e sem previsão de um novo assumir. Ele pediu demissão na ocasião do acidente, e é quem administra as questões do dia a dia do país. Assim, tudo está parado por aqui. É um estado de guerra, sem ter uma guerra”, disse.
Apesar disso, a relação comercial brasileira com o Líbano é muito próspera, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. De janeiro a maio deste ano, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 55 milhões. Os principais produtos exportados são carne bovina congelada e fresca, tabaco e café.
Ele ressaltou, no entanto, que o atual momento sanitário e político do país não permite novas iniciativas comerciais, mas que o trabalho da equipe técnica da Embaixada é incansável para identificar outras oportunidades de negócios para o Brasil. “Não recomendaria a realização de missões comerciais neste momento, muito menos este ano ainda. Mas nosso trabalho continua e na última semana identificamos alguns setores onde há chances competitivas de exportação de produtos do Brasil para o Líbano, como o de derivados de petróleo, metais e pedras preciosas e medicamentos. Estamos avaliando essas possibilidades”, adiantou.
Telles Ribeiro mencionou ainda o apoio e a liderança brasileira em relação ao acordo entre Mercosul e Líbano e a negociação de novos acordos de livre comércio com o país libanês e alguns outros árabes. “Não participo da dinâmica negociadora, que o Brasil lidera, mas sou um defensor do livre comércio”, disse.
O embaixador destacou também a boa relação do Brasil com o Líbano, que tem raízes históricas. São quase 12 milhões de libaneses e descendentes que vivem no Brasil. “Os libaneses tem uma visão muito positiva sobre o Brasil, já que muitos prosperaram no nosso país. São muitas famílias que vivem no Brasil e se destacam como políticos, a exemplo do ex-presidente Michel Temer e vários senadores, empresários, profissionais liberais. O Hospital Sírio-libanês é uma referência, reconhecido internacionalmente. São apenas alguns exemplos da singularidade desta relação. Somos muito bem recebidos em qualquer lugar aqui no Líbano”, afirmou.
Antes de assumir a Embaixada no Líbano, o diplomata atuou em Paris, na França, e Atlanta, nos Estados Unidos, como cônsul-geral adjunto e nas embaixadas em Caracas (Venezuela), Tóquio (Japão) e também na capital francesa e em organismos multilaterais.
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