Procurador da República e especialista em crimes contra o sistema financeiro nacional, Deltan Dallagnol, fez palestra na última segunda-feira, 3 de setembro, na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), sobre corrupção e como a participação da sociedade é fundamental para que haja uma mudança comportamental no país. Relator da Operação Lava Jato, o jurista explicou para um auditório lotado de empresários que percebia o evento como uma oportunidade de conversar com parceiros sobre um esforço que não é apenas da Justiça. “Temos que deixar para trás o papel de vítimas, de espectadores que reclamam dos problemas. É preciso assumir o papel de protagonista da nossa história. Se existe alguma solução, essa resposta vem da nossa união”, enfatizou.
Segundo Dallagnol, o problema da corrupção não são os números e sim o impacto que o desvio afeta na qualidade de vida de cada um dos brasileiros. “Quanto maior é a corrupção de um país, menor é o Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH. O trabalho em Curitiba vai além de prender quem não cumpre a lei. O que nos move é o sofrimento humano que a corrupção causa, são as doenças por falta de água e esgoto tratado para mais de 100 milhões de pessoas; a aflição nas filas dos hospitais; as mortes em estradas ruins; a falta de segurança pública; a desigualdade de oportunidade e tantos outros problemas”, apontou.
A solução, para Dallagnol, é não se deixar anestesiar pela injustiça. Uma das saídas seria a campanha “Unidos contra a corrupção”, ação coordenada por uma coalizão de organizações e movimentos sem vínculos partidários, que conta com o apoio de instituições e pessoas de diferentes opiniões e ideologias. “Esse pacote ainda propõe a desburocratização. É ótimo para o ambiente de negócios, para as empresas e empresários, cria dificuldades para vender facilidades. Este pacote é o posto Ipiranga do combate à corrupção”, descontraiu.
No evento, a presidente da entidade Angela Costa lembrou que o Conselho de Governança e Compliance da ACRJ tem cumprido sua missão de garantir que o tema da governança esteja permanentemente em pauta, aprofundando o debate com o poder público e a iniciativa privada. “Estamos fazendo também a nossa parte, assim como o Procurador que, com força e coragem tem feito a sua. Essa, infelizmente, é uma crise endêmica que não deixa de fora nenhuma das áreas de atuação pública ou privada. Cabe a nós, portanto, como entidade veterana que há 209 anos representa o empresariado de bem deste país, cumprir nosso papel fundamental na recuperação e sustentação da cultura da integridade, fomentando a discussão sobre os princípios éticos que devem permear todos os aspectos da vida em sociedade”, afirmou.
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Assessoria de Imprensa da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ)