A diferença entre diversidade e inclusão foi o tema da palestra da consultora e assessora Especial na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, Flávia Cortinovis, que abriu a série “Encontros da Educação”, dia 9 de agosto. O evento foi realizado em conjunto pelos Conselhos Empresariais de Educação e Governança, Compliance e Diversidade da ACRJ, cujo presidente, Humberto Mota Filho, foi um dos palestrantes. O encontro foi organizado pela vice-presidente do Conselho de Educação, Sylvia Meirelles.
Em sua exposição, Flávia Cortinvis explicou que há uma grande diferença entre os dois conceitos. “Inclusão é pertencimento, algo muito mais difícil de alcançar. Enquanto diversidade, é o conjunto de duas ou mais pessoas. Já nascemos diversos”, explicou. Levando para o ambiente corporativo, a consultora disse que as empresas têm pouca inclusão em seus níveis hierárquicos.
Se o organograma de uma empresa não tiver mulheres (52% da população), negros (56% da população), pessoas com deficiência (6,7%), LGBT (cerca de 10%) em seus quadros, esta organização ainda está caminhando no processo de uma inclusão efetiva. “O importante é reconhecer que se nada for feito, possivelmente, serão necessárias muitas décadas ou até séculos para que alcancemos essa representatividade”, enfatizou.
Para exemplificar, ela mostrou uma pesquisa do Instituto Ethos sobre o perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil. Os dados mostram que essas companhias possuem 63,25% de homens e 36,75% de mulheres em seus quadros, um dado que ela considera aceitável. “Mas quando a pesquisa apresenta os resultados pela hierarquia, 89% dos homens estão nos Conselhos de Administração, enquanto apenas 11% de mulheres participam”, disse. Em relação às pessoas com deficiência a diferença é gritante, já que não há registro deste grupo nesses conselhos. Quando o critério é cor ou raça, o resultado foi de 95,1% brancos, contra 4,9% negros.
Há 11 anos, Flávia Cortinovis especializou-se na promoção da diversidade e da inclusão de pessoas com deficiência após ter um filho portador da Síndrome da Down. “Este não era um assunto do meu cotidiano”, ressaltou. Hoje sua atuação é para incluir este grupo em diversos aspectos. De acordo com dados do IBGE, apresentados por ela, 6,7% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Somente a cidade do Rio de Janeiro, com 6,7 milhões de habitantes, tem cerca de 450 mil pessoas. “Dados de 2019 mostram que as pessoas com deficiência no Brasil possuíam uma renda disponível de US$ 5,3 bilhões, mas as empresas pouco investem neste público, que também consome”, afirmou.
Humberto Mota acrescentou que os dados nos levam “a uma reflexão complementar sobre decisões conscientes no ambiente corporativo, sobre nossos sistemas de integridade e até uma nova ética no trabalho”.
O presidente do Conselho de Educação, Paulo Milet, comentou sobre algumas experiências ainda na década de 1990 e como este assunto era pouco conhecido. “Não sabíamos como lidar com pessoas com deficiência visual no ambiente de trabalho naquela época, que eram extremamente capazes e competentes na tarefa que desempenhavam. Era tudo muito intuitivo. Mas acho que tudo passa pela educação e pelo conhecimento”, enfatizou.