Artigo de Paulo Milet, empresário, presidente do Conselho Empresarial de Educação da ACRJ e consultor em gestão do EaD, publicado no Jornal Correio da Manhã, dia 7/4/22
Vou abordar aqui dois temas que poderiam ser claramente associados com o futuro (o metaverso) e com o passado (a Guerra Rússia X Ucrânia). Desde que Zuckenberg anunciou que o Facebook iria passar a se chamar Meta, e focar no metaverso, essa palavra não sai dos destaques no mundo da Internet, mesmo não sendo realmente uma novidade, já que até jogos (Second Life) existem há mais de 20 anos. O conceito, simplificadamente, seria que tudo que se faz hoje na internet (pesquisas, compras, educação, saúde, trabalho, conversas, jogos…) vai ser feito “entrando” no metaverso, “presencialmente”, com todos os cinco sentidos, e mais algumas capacidades, já que as leis da física e conceitos de tempo e espaço não necessariamente precisarão ser “obedecidos”!
Mas as notícias das últimas semanas envolvendo a guerra, ou melhor, a invasão da Ucrânia pela Rússia, ainda nos mostram um modelo “antigo”, de tentativa de dominação de um país em função de fronteiras físicas e superioridade numérica em termos de tanques, soldados e armas (até atômicas). Uma guerra que talvez esteja fadada a ser a última (quem dera!) com esse formato, já que territórios dominados vão valer cada vez menos em relação à inteligência e à tecnologia.
Nessa guerra, o que vemos são bombardeios atingindo prédios civis residenciais, comerciais e até hospitais. Milhões de ucranianos abandonando seu país, crianças, mulheres e idosos sendo atingidos. Tanques russos pesados cercando. Inaceitável!
O mundo da Internet, assim como o do metaverso, não é esse mundo puramente físico onde as coisas acontecem dentro das regras, leis e fronteiras de cada país. Tudo acontece na “nuvem” e nas suas interconexões.
Elon Musk colocou no ar uma rede de satélites exclusiva possibilitando que, não apenas seus clientes, mas também o povo ucraniano, continuasse tendo acesso a informações do dia a dia da guerra. E as fronteiras?
As leis atuais não impedem guerras e nem conseguirão regular o metaverso. Medidas novas, nos dois casos, terão que ser supra-nacionais. Já está em tempo de percebermos que as legislações que consideram o território físico, seja para o cometimento de crimes, penalização de criminosos, aspectos legais, tributários ou trabalhistas, já deveriam estar sendo discutidas nos diversos fóruns internacionais.
Problemas desse tipo teriam que ser tratados em um nível global pelos países. Só assim os Telegrams e Putins da vida poderiam respeitar e atuar dentro de limites razoáveis. Centenas de empresas saíram da Rússia porque sabiam que seus clientes no mundo todo iriam apoiar (mundo ESG). Dezenas de países e entidades criaram punições, bloqueios e banimentos. Mesmo se a Rússia “ganhar”, já perdeu! No metaverso, será similar.
Temos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU para 2030, que, equacionam os grandes problemas mundiais. Talvez incluir um ODS 18 que acabe com possibilidade de guerras. Oito anos também é um horizonte razoável para um metaverso mais completo, onde, além de visão e audição, o tato (certamente) e talvez olfato e paladar já estejam disponíveis de modo simples, fácil e confortável.
Em 2030 não poderão mais existir problemas de fome, educação, saúde e habitação. Conectividade total é a palavra de ordem. Os custos de comunicação e acesso ao metaverso serão irrisórios. Produtividade total na agricultura, comércio, indústria e serviços. Renda mínima garantida. Trabalho pesado só com as máquinas. Carga horária menor no trabalho.
Para que essa visão aconteça, as leis precisam ultrapassar fronteiras, aqui e no metaverso. Movimentação livre e acordada em todas as direções.
Se for assim, Guerra? Por quê? Para quê?
Artigo na íntegra aqui