O Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ promoveu, dia 14 de maio, o seminário “O Futuro dos Eventos no Rio”, reunindo especialistas para discutir os desafios e oportunidades da cadeia produtiva dos eventos na cidade e no estado.
O evento foi conduzido pelo presidente do Conselho, Sergio Costa e Silva, e contou com a presença dos presidentes dos Conselhos Empresariais de Comunidades, Novos Negócios e Economia Solidária, Célia Domingues; de Turismo, Sávio Neves; e das Micro e Pequenas Empresas, Thor Carvalho; e a vice-presidente de Comunicação, Jacyra Lucas, e um número expressivo de conselheiros e convidados.
O encontro contou com a participação de Lucy Deccache, especialista em marketing e comunicação de marca, e Pedro Guimarães, conselheiro da ACRJ e presidente da Apresenta. A moderação ficou a cargo da conselheira Andrea Löfgren.

Na abertura, o presidente do Conselho, Sergio Costa e Silva, destacou a relevância estratégica do setor de eventos para a economia fluminense, especialmente por sua forte conexão com o turismo, um dos pilares do desenvolvimento regional.
Andrea Löfgren ressaltou que o encontro teve como objetivo ter um representante do empresariado e dos trabalhadores em eventos para conhecer o ponto de vista de cada um desses grupos e discutir aspectos que envolvem toda a cadeia de produção de um evento e ainda abordar sobre qualificação do setor, políticas públicas, entre outros temas.

Lucy Deccache, que também atua na área de educação formando profissionais para o setor, reforçou a necessidade de estruturar políticas de qualificação e valorização da produção cultural. “Sem produtor qualificado, não há evento, não há entrega cultural, não há economia criativa sustentável”, resumiu.
Ela destacou a ausência de uma política nacional de formação, a falta de reconhecimento profissional e a inexistência de editais e incentivos voltados para a capacitação da equipe técnica. Segundo ela, o produtor cultural é visto como custo, não como agente estratégico.

Pedro Guimarães defendeu políticas públicas facilitadoras e ações coordenadas que tornem o país mais atrativo para grandes eventos e congressos. E apontou os entraves à competitividade internacional do Brasil, como as novas exigências de vistos para países estratégicos (EUA, Canadá, Japão e Austrália), alertando que o Rio corre o risco de perder espaço no circuito global.
De acordo com ele, o setor de eventos, embora responsável por mais de 10% dos empregos ligados ao turismo e integrando mais de 50 atividades econômicas, segue sem reconhecimento formal nas políticas estruturantes. “Foi o primeiro a parar durante a pandemia e o último a voltar e só voltou porque gritou, não porque foi incluído. A reabertura não foi resultado de política pública, mas sim de pressão da base, em um grito de sobrevivência”, afirmou.
Ele também destacou que o PERSE (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), embora tenha sido um alívio pontual, não foi suficiente para garantir a recuperação plena do setor. “Faltou transição, planejamento e suporte continuado”, explicou.

Casa cheia e participação intensa do público presente, que fez diversas considerações e sugestões muito pertinentes. Uma delas, ampliar a acessibilidade nos locais onde acontecem os eventos, observado pela conselheira Viviane de Assis.
Os participantes, assim como os palestrantes, concordaram que é importante o reconhecimento do setor de eventos como parte da economia criativa nas estatísticas oficiais, assim como é fundamental a criação de políticas públicas estruturantes e permanentes, a inclusão da base produtiva (produtores, técnicos, fornecedores) nas políticas de fomento e a criação de um programa nacional de formação técnica e superior em produção cultural.
