Por Reinaldo Paes Barreto, membro do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
Roubo esse título de uma seção muito interessante da revista Seleções Reader Digest, e assino embaixo, porque o riso é uma reação emocional (genuína ou provocada) diante de certas situações que a vida apresenta. Por isso, o assunto “rir” é mais sério do que possa parecer, e ocorre a partir de duas grandes premissas: o riso instintivo e o riso social.
O riso instintivo pode ser provocado por uma situação cômica (alguém erra de cadeira e cai no chão, por exemplo), pelo contraste, pelo absurdo, pelo inesperado, ou pelo surrealismo (um gigante sentado num penico…). Já o riso social pode ser provocado pela intenção de usar o riso com uma das duas “armas” – defesa, quando uma situação constrange – ou discurso, para apontar o errado, o falso, o ridículo, o absurdo. Nesse campo, não é o riso “do autor”que conta, é de quem lê ou vê (filme, charges, caricaturas). Na literatura portuguesa, por exemplo, o grande sarcástico foi o Eça de Queiroz, enquanto no Brasil (mais para o irônico) foi o Machado de Assis. Assim como no cinema Chaplin e Fellini, foram mestres. No Brasil, em programas de TV o Jô Soares e o Chico Anísio foram insuperáveis, enquanto na charge os dois grandes foram o Ziraldo e o Henfil.
Mas vamos adiante: ainda sobre o riso instintivo, há o riso-relâmpago, provocado por um fato externo repentino — como uma boa piada, é aí ele provoca a gargalhada — e há o riso social, ou forçado, que é mais um sorriso, e atua ou como postura em sociedade (para ensaiar empatia em um evento formal: congressos, cerimônias oficiais, casamentos, ou até uma paquera. Ou, ainda, para posar para um quadro ou uma foto.
E nessa categoria, o mais famoso sorriso é o da Monalisa. Um estudo recente, feito por neurocirurgiões ingleses, analisou os muitos ensaios de Da Vinci para pintar o quadro e concluíram que o movimento labial dela indica a) assimetria; b) falsidade! Ou seja, segundo eles, não há ativação da musculatura da face superior, essencial para que o sorriso revele felicidade e bem-estar. E o sorriso no célebre quadro, não. É “mentiroso”.
Tanto que outro francês, o neurocientista Guillaume Duchenne, conclui que o sorriso dela é fingido porque enquanto no riso genuíno há um movimento simultâneo dos olhos (o chamado “pé de galinha”), das pálpebras e da bochecha, no “riso amarelo”, ou forçado, só entram em ação os músculos zigomáticos, que puxam os cantos da boca para cima e elevam a parte superior dos lábios, mas sem mostrar os dentes.
Ou seja, rir é (realmente) o melhor remédio, mas como todo remédio, tem que ser usado na dose certa, na hora certa. Se não, o efeito pode ser contrário…