Artigos

As santas de outubro que falam português

Foto publicada por um diário português com as pessoas que testemunharam a aparição de Fátima
Foto publicada por um diário português com as pessoas que testemunharam a aparição de Fátima

As santas de outubro que falam português

Por Reinaldo Paes Barreto, membro do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ


A semana que passou mereceu dupla celebração: 12 de outubro, N. Sra. Aparecida, padroeira do Brasil desde 1980, quando da visita de João Paulo II e a única imagem de santa com a nossa bandeira nas vestes. Ela é “generala” do Exército brasileiro. E 13 de outubro (1917) marca a última aparição de N. Sra. de Fátima aos humanos, na Cova da Iria, em Portugal.

Mas além de santas e milagres há um fato jornalístico raro: a foto, publicada por um diário português, de cerca de 50 mil pessoas reunidas, que testemunharam esse fenômeno. Foi assim: devido ao fato dos “pastorinhos” terem revelado à vizinhança, e comentado na aldeia que a Virgem Maria iria fazer um milagre neste dia, a notícia se espalhou de boca em boca e uma muldidão começou a chegar cedo à Cova da Iria. Chovia torrencialmente mas a multidão aguardava com paciência e fé junto às três crianças (Lúcia, Francisco e Jacinta) nos terrenos enlameados da serra. Por volta de meio-dia, segundo os relatos, o céu se abriu, e o “dançou” no horizonte curando todos os doentes que ali se encontravam. Em seguida, Ela surgiu e disse ser a N. Sra, do Rosário, e pediu que orassem o terço.

Epílogo: foram rezadas centenas de missas e, nessas missas, o padre conxagrou o pão e o vinho. Mas qual vinho? O vinho canônico. E qual a diferença dele para o vinho “normal”? Vamos lá: o Vinho Canônico, em geral tinto (), leva um acréscimo de açúcar e de aguardente durante o processo de fermentação das uvas, justamente para diminuir essa fermentação, fazendo com que o vinho deixe de envelhecer, o que o torna também mais licoroso e mais alcoólico (entre 16% e 18% GL). E a lógica da Igreja é economizar na (lenta) rotatividade das garrafas, porque um vinho mais doce e com mais álcool, resiste melhor às precárias condições em que é guardado: em velhas cômodas junto com velas, incenso e mirra, batinas, etc. E embora as igrejas com mais recursos já ofereçam hoje ar-condicionado, não me consta que existam adegas climatizadas nas sacristias! In Vino Veritas… () já de alguns 20 anos para cá, o Vaticano autorizou celebrar-se a missa com vinho branco, porque as freirinhas não aguentavam mais lavar aquelas toalhinhas imaculadamente brancas com manchas “de sangue”. E o vinho branco tem menos tanino, facilita a vida dos religiosos com problemas digestivos.

Reinaldo Paes Barreto é assessor da diretoria executiva do INPI