A ACRJ recebeu, dia 12 de junho, Andréa Martins, presidente da Stanley Latam; Helen Pedroso, diretora de Responsabilidade Corporativa da L’Oréal; e Tatiana Bastos, presidente do Instituto de Direito Coletivo (IDC), para debater um tema presente nas organizações hoje: “Conexões ESG: Mulheres Liderando a transformação sustentável”.
O debate foi conduzido pela presidente do Conselho Empresarial da Mulher da ACRJ, Michelle Novaes, e o ex-procurador geral do Estado, Bruno Dubeux. O encontro foi organizado pelos Conselhos Empresariais da Mulher e de Governança, Compliance e Diversidade da ACRJ e contou com a presença do presidente do Conselho Superior, Ruy Barreto Filho, e o vice-presidente Jurídico da ACRJ, Laudelino Costa Mendes, que abriu o evento.
As convidadas contaram um pouco sobre suas experiências como líderes, ressaltando a presença cada vez maior da mulher neste lugar de destaque, mas lembrando que ainda há muito caminho a ser percorrido para que as oportunidades sejam mais igualitárias na questão de gênero.
Michelle Novaes dividiu o evento em cinco blocos abordando os seguintes temas: “O Papel da Liderança Feminina na Promoção da Sustentabilidade”; “Estratégias de Implementação de ESG”; “Impacto e Medição de Resultados ESG”; “Desafios e Oportunidades para o Futuro do ESG”; e “Sugestões para promover uma transformação sustentável no Brasil”.
“Ter que vencer muitas barreiras desde sempre pode até ser encarado como um fator positivo para nós mulheres, porque nos torna mais fortes na busca pelo nosso espaço e por mais oportunidades no mercado de trabalho”, disse Tatiana Bastos. O IDC é uma organização de âmbito nacional, criada em 2017, multidisciplinar, sem fins lucrativos, que defende os direitos e interesses coletivos previstos na Constituição e nas normas infraconstitucionais.
Tatiana fez uma provocação para o público presente, para que cada um faça parte de um conselho de uma ONG, por exemplo. “Porque a sociedade organizada, em geral, não tem essa perspectiva técnica-econômica, não tem essa perspectiva da iniciativa privada. Então, quando vocês conseguem trazer isso para o terceiro setor, vamos profissionalizando”, explicou. Mas isso, na opinião dela, não significa que o trabalho que o terceiro setor é ruim. Ela também defendeu o trabalho voluntário, como agregador da sociedade civil organizada e do próprio indivíduo. “Sejam voluntários, ofereçam atividade voluntária, sem qualquer exceção. A partir do momento que vocês se comprometerem com aquela atividade, cumpram, assim como nós cumprimos com nossas obrigações no dia a dia profissional.
Andréa Martins defendeu que as mulheres não devem trabalhar sozinhas ou contra os homens, mas em parceria. “Sou feminista, defendo a contratação de mulheres para cargos de liderança, mas acredito que trabalhamos com pessoas e para pessoas, por isso acho que precisamos da complementariedade masculina. Mas sem dúvida que o olhar de cuidado da mulher e sua visão de longo prazo são importantes para os negócios”, completou.
Segundo ela, a sigla ESG se transformou em uma entidade, mas não é isso que significa. “É muito mais o impacto para sustentar um mundo diferente e melhor. E cada um de nós pode fazer uma diferença imensa, onde vocês estiverem. Então, não achem que tem que ser uma coisa grandiosa, enorme, comecem já dentro do poder individual de cada um, do lugar de liderança de cada um de vocês, e desconstruam. Porque desconstruindo, vocês vão conseguir construir muito”, frisou.
Ela falou sobre a Stanley, uma marca de copos, garrafas térmicas, entre outros produtos, que tem todas suas sedes (Seattle, Xangai, Amsterdã, Manila e Rio de Janeiro) atuando de acordo com as normas de escritório verde da PMI (Project Management Institute), que ajudam a reduzir os impactos corporativos, incluindo reciclagem, compostagem e iluminação energeticamente eficiente.
“Historicamente, a mulher entrava tarde no mercado de trabalho e quase nunca em cargos de liderança. Isso ainda se reflete hoje em dia, em alguns setores ainda é uma realidade”, lembrou Helen Pedroso ao falar sobre sua trajetória profissional e as dificuldades que as mulheres enfrentam. Ela falou sobre o compromisso da L’oreal com a sustentabilidade, o cuidado com o meio ambiente e com as novas gerações, que está no DNA da empresa no Brasil e no mundo, e sobre seu trabalho, voltado para o empoderamento das mulheres e o compromisso com a agenda social da empresa.
“Os temas que abordamos aqui hoje, os exemplos que todas nós trouxemos, mostram como são soluções complexas para problemas mais complexos ainda. E, de fato, se a gente não escuta quem trabalha, quem é expert, quem está na ponta, quem está fazendo na prática, então, acredito que o poder também isola as pessoas. Quanto mais as pessoas vão subindo, ficam mais isoladas na sua bolha e mais difícil fica ter a visão real está acontecendo”, disse ao falar sobre o papel das lideranças.
Bruno Dubeux destacou que, “a cultura do racismo estrutural é ruim para todos, tanto os homens quanto as mulheres e é um esforço conjunto que temos que fazer para combatê-lo”. Ele disse que ficou muito inspirado pela trajetória das convidadas e pelo “alto nível do debate com mulheres muito potentes”. “Para nossa sorte, todas elas trabalham e atuam aqui no Rio de Janeiro”, finalizou.