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A Indústria do vinho e a Tecnologia de Ponta

A Indústria do vinho e a Tecnologia de Ponta

Por Reinaldo Paes Barreto – membro do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ

Na semana de 9 a 12 deste janeiro, reuniram-se em Las Vegas os gigantes da tecnologia de ponta para a CES 2024, a maior feira de eletrônicos de consumo (“Consumer Eletronics Show”) do planeta. E para se ter uma ideia do “PIB Hight-Tech” ali presente, além de cerca de quatro mil expositores globais, lá estavam a Amazon, Microsoft, Google, Intel, Samsung, Panasonic, Sony, LG, Hyundai e a Mercedes-Benz.

De assistentes domésticos a um Volkswagen com ChatGPT integrado, passando por smartphones com Inteligência Artificial (IA) que registram compromissos agendados e alertam “o dono” para a hora de cumpri-los, todos apresentaram novidades de tirar o fôlego. Mas o formidável, mesmo, foi o robô-sommelier-mordomo, o “Bot Handy”, lançado pela Samsung, que serve vinho em taça e utiliza a IA para gravar o gosto do cliente e dispensá-lo de repetir o pedido da vez seguinte. E como possui um braço com articulações, pode manusear outros objetos do dia a dia: pratos, talheres e copos.  

No plano mais estruturante, contudo, a indústria do vinho vem se adequando às novas tecnologias, inclusive à Inteligência Artificial, em passo ritmado com os novos desafios, pelo menos desde o início deste século. Começou por automatizar o ciclo milenar (plantio, colheita, vinificação, distribuição). A seguir, por pressão de toda a sociedade ativa, inclusive dos seus consumidores, passou a adotar o conceito ESG (“Environmental, Social and Governance). No que concerne a cadeia produtiva do vinho, se traduz por preocupações com o sistema de produção (orgânica, biodinâmica) e pela busca de procedimentos capazes de substituir o uso de fertilizantes e pesticidas, reduzir a pegada do carbono (o peso do vidro/garrafas e o transporte), o desperdício hídrico e a má gestão de resíduos.

Para isso, e com o uso das inteligências humana e artificial, as grandes vinícolas começaram a fabricar garrafas mais leves (*) e já existem as PETs biodegradáveis, além de materiais recicláveis e reciclados para a embalagem e os rótulos. No campo, a maioria já pratica a “Agricultura de Precisão”, isto é, o geomapeamento do vinhedo por fileira, o rastreamento genético das uvas e a redução de defensivos químicos com a utilização do TPC (Thermal Pest Control).

E, finalmente, para o consumidor final  a tecnologia avança aos saltos: controle das adegas à distância (via smartphones), pagamentos digitais por criptomoedas, e pix, aplicativos e centenas de sites e links com informações necessárias; e a novidade dos chatbots  (abreviação de robô dos chats), espécie de “personal sommelier” que ajudam o cliente em geral a fazer a escolha que melhor lhe convém ao bolso e à boca,  e aos grandes colecionadores o controle de falsificações.  Nesse quesito, através da tecnologia blockchain, um código inserido no contra rótulo do vinho permite verificar se a garrafa e o lote são verdadeiros, a procedência coincide com a origem geográfica escolhida, a safra é a indicada, etc.

Tomara que nesse embalo, a “ironia robótica” não inverta os papéis e a gente encontre sentado numa poltrona de winw-bar, de taça na mão, um robô já mais pra lá, do que pra cá, encnhendo o saco do sommelier humano, com suas metáforas: “este que estou tomando tem aroma de antigas gavetas…”

(*) A rede de supermercados Tesco inglesa Tesco, está lançando a garrafa de vinho de apenas 300g (cheia), com rolha tipo rosca (screwcap), com rótulos recicláveis.

Reinaldo Paes Barreto também é
assessor da diretoria do INPI

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