Por Michelle Fernandes (*) – presidente do Conselho de Relações Internacionais e de Comércio Exterior da ACRJ
Para entender os embates entre as nações, é necessário, antes, entender o conceito de diplomacia. Pesquisando exatamente sobre este conceito, encontramos a definição de que diplomacia é a arte de manter o direito e de promover os interesses de um Estado ou governo perante os Estados e governos estrangeiros. Sempre aprendi, no meio acadêmico, que a diplomacia é a síntese da pacificação para se chegar a um acordo, seja no âmbito político, econômico ou social. É isso que norteia as relações entre as nações. Do contrário, o mundo viveria uma constante guerra global.
Ultimamente, o Brasil vem construindo um caminho de diálogo e consenso mundo afora, fazendo jus ao título de bom e velho amigo das nações, aquele que senta para o café e bate um papo para resolver o problema, o que nos inclui no mundo globalizado.
No entanto, em encontro do G-20, em meio à crise das queimadas na Amazônia, o mundo inteiro acompanhou as declarações do governo francês acusando o Brasil de desrespeitar acordos firmados no grupo. Além deste tipo de situação ter prejudicado a nossa imagem junto aos demais países, nos excluiu de algumas agendas importantes, como a ESG – environmental, social and governance. Não conseguimos, na época, vislumbrar soluções práticas para os principais problemas.
Nosso país possui uma grande extensão territorial e diversos ativos, vide a nossa balança comercial superavitária. O sucesso no agronegócio é sem dúvidas, o nosso cartão de visita. Temos uma verdadeira cesta de commodities a oferecer, contudo precisamos vender os produtos manufaturados, com tecnologia. Caminho trilhado pela China, nosso principal parceiro comercial, desde quando era apenas o país das mercadorias de baixo valor agregado.
Hoje, temos um cenário diferente. Continuamos com alguns problemas internos que refletem na geopolítica, porém, estamos dialogando e propondo soluções, mesmo que não sejam efetivadas ainda.
Além das questões climáticas estarem sendo tratadas com mais responsabilidade por aqui, já estamos debatendo temas importantes para a resolução do Custo Brasil, expressão conhecida por espantar projetos e investidores estrangeiros. A Reforma Tributária será um marco para a evolução econômica do país, pois figuraremos como uma nação menos burocrática para o mundo. A reforma irá trazer simplificação. Saber o que irá pagar é um ponto importante e decisivo em um planejamento.
Sempre fomos vistos como um país acolhedor, receptível e de muito potencial, aquele do cafezinho, que despertou a atenção de Jim O’Neill, economista e chefe de pesquisas econômicas do grupo Goldman Sachs, quando criou os BRICs – acrônimo dos países emergentes e mais promissores.
Chegou a nossa hora, no próximo ano, 2024, o Rio de Janeiro será a sede do encontro do G-20. Precisamos mostrar as belezas do carnaval sim, festa cultural que movimenta milhões na economia. Todavia, o que irá nos destacar no G-20 é o trabalho árduo e sério para a mudança da mentalidade de como o mundo nos enxerga. E como somos capazes de trabalhar com afinco para resolver as nossas questões. Necessitamos ter um olhar macroeconômico para nos mantermos bem e com representatividade no grupo das maiores economias do mundo.