Artigo publicado na Veja Rio, dia 5/1/2022, pelo presidente do Conselho Empresarial de Medicina e Bem-Estar da ACRJ, Gilberto Ururahy (*).
Às vésperas de completarem-se dois anos da Covid-19 entre nós, o Brasil e o mundo assistem um novo aumento do número de casos de contaminação da SARS-CoV-2, suas variantes e combinações com a Influenza. Apenas nos Estados Unidos, onde a testagem é em massa, foram mais de um milhão de casos em um único dia, nesta semana.
A boa notícia é que com a vacinação em massa avançada, a letalidade da doença se tornou muito menor. No entanto, ainda são recorrentes os casos de pacientes que tiveram Covid em 2020 e 2021, antes da imunização, e apresentam Síndrome pós-Covid, nome que vem sendo utilizado para designar os problemas crônicos de saúde que ocorrem após o paciente se recuperar da infecção aguda do novo coronavírus. Esses efeitos crônicos podem durar meses e vêm sendo estudados pela literatura médica, que busca entender os efeitos a longo prazo da doença.
Segundo um dos estudos, conduzido com pacientes recuperados de Covid-19 na Itália, 87,4% dos entrevistados relataram a persistência de pelo menos um sintoma, particularmente fadiga e dispneia (respiração rápida e curta).
As principais sequelas de Covid-19 são persistência de dispneia, fadiga crônica, dores musculares, dores de cabeça, perda de olfato e do paladar, problemas de memória, transtornos de ansiedade e/ou depressão, perda de cabelo e dor torácica.
A presença de sintomas pós- Covid-19 está significativamente associada ao número de sintomas do início da doença e ao grau da infecção que possa exigir a admissão hospitalar. Levantamento conduzido por pesquisadores italianos demonstrou que os sintomas mais comuns da síndrome pós-Covid-19 são diferentes entre os pacientes que necessitaram de hospitalização e os que apresentaram casos leves da doença.
A síndrome pós-Covid-19 representa um novo desafio em saúde, pois alerta para o fato de que a pandemia ainda terá consequências que precisarão ser pesquisadas para que a recuperação possa acontecer completamente. De todo modo, especialistas defendem que um programa de reabilitação para os pacientes de Covid-19 deve envolver fisioterapeutas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas e médicos no desenvolvimento de estratégias que tratem as complicações posteriores à Covid-19.
Tendo ou não se contaminado com o vírus, o começo do ano é um excelente momento para priorizar a coisa mais importante da vida: a saúde. Reveja seus hábitos, faça adequações a um estilo de vida saudável e agende seus exames periódicos. Saúde é prevenção!
(*) Gilberto Ururahy é médico há 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).
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