O presidente do Conselho Empresarial de Política e Comércio Exterior da ACRJ, Eduardo Lessa Bastos, recebeu o professor Leonardo Mattos, coordenador do Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval para a reunião online, realizada dia 06/10. No encontro o professor fez uma palestra sobre “A Geopolítica Corrente Internacional: Impactos e Oportunidades para o Brasil”.
Um dos temas levantados na reunião foi a pandemia. Para ele, os números de casos e mortes estão bem menores, com a vacina, mas ainda temos dificuldades, como picos de variantes. Leonardo Mattos ressaltou que a Covid-19 mostrou a falência e infelizmente a pouca força das instituições multilaterais.
“Cada um correu atrás do seu problema, do seu respirador, do seu material de saúde. Ali ficou patente e é muito sério, em termos logísticos e de soberania do estado, a dependência de determinados países, como da China e Índia, para insumos”, destacou.
O professor lembrou que a cadeia logística é essencial e a pandemia mostrou isso, inclusive, para a economia global. Ele disse que é impressionante o que acontece no Reino Unido, com fila para reabastecimento dos carros e supermercados com falta de produtos em um dos países mais ricos do mundo. Explicou que a logística deles é muito ajustada e dependente dos caminhões. “Tudo o que está acontecendo tem a ver com a pandemia, mas também com a saída do Brexit”, revelou.
O analista internacional informou que a economia global vai se ajustando e deve voltar ao normal no ano que vem.
Para ele, outra lição importante da pandemia é sobre termos centros de excelência na área de pesquisa, como é o caso da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, do Instituto Butantan, em São Paulo. “Isso é um diferencial. Vamos olhar para os nossos vizinhos. Quem é que tem uma Fiocruz e um Butantan? Nós temos que reconhecer nossos elementos de força”, enalteceu, lembrando que não se formam cientistas, doutores, com qualificação de uma hora para outra e que a sociedade precisa entender “a necessidade disso”.
O professor Leonardo Mattos fez uma série de análises envolvendo o preço do petróleo; a questão energética no mundo; o esvaziamento progressivo da importância da OTAN a partir de uma aproximação ainda maior e mais estratégica dos EUA com a Austrália; a saída dos americanos do Afeganistão; a divisão interna dos Estados Unidos após 6 de janeiro, quando ocorreu a invasão do Congresso americano; e a situação de Taiwan, que hoje é uma das grandes preocupações globais e que sofre ameaça da China de retomada de seu território, entre outros temas.
Em termos de tecnologia, frisou a questão das mídias sociais, a dependência das pessoas e a sua influência, para o bem ou para o mal, na sociedade, principalmente nos jovens. Leonardo Mattos afirmou que esse é um problema e que a sociedade precisa encontrar uma solução.
No que diz respeito a entrada do 5G no Brasil, o professor acredita que dificilmente o país vai excluir os chineses, já que precisamos de investimento em tecnologia de ponta para ajudar no nosso crescimento.
Ainda em relação ao Brasil, o analista internacional acha importante o país estar atento ao que acontece no espaço geográfico próximo, como na Antártica. Segundo ele, as grandes potências estão cada vez mais presentes nesse espaço. Como exemplo, citou a China, que está finalizando sua quinta estação, enquanto o Brasil só uma.