O mercado editorial no Rio de Janeiro cresceu em 2020, em relação a 2019, mesmo com a pandemia. No ano passado, houve um aumento no faturamento e no volume vendido nas livrarias no Brasil e, especificamente, no Rio de Janeiro. A participação da região do Grande Rio foi de quase 7,5 milhões em volume de vendas de livros e cerca de R$ 330 milhões em faturamento, uma variação, respectivamente, de 34,64% e de 39,82%, em relação ao ano anterior. Na frente, inclusive, da Grande São Paulo.
A informação é da presidente do Grupo Editorial Record, Sônia Machado Jardim, convidada da reunião do Conselho Empresarial de Assuntos Culturais, durante sua palestra virtual sobre o momento atual do mercado editorial, realizada dia 10 de março. “Registramos aumento de exemplares vendidos ao consumidor e no faturamento. O livro se tornou um grande companheiro no confinamento. Muitas pessoas redescobriram o livro”, explicou.
No entanto, ela lembrou que muitas livrarias também fecharam suas lojas físicas, especialmente as grandes redes, mas muitas delas só continuaram com vendas online. “É um fato. O varejo é muito importante, a vitrine é muito importante, especialmente quando se trata do lançamento de novos títulos. E com a pandemia, esse cenário mudou”, disse.
As livrarias de bairro, segundo ela, ganharam grande destaque e, por esta razão, a Record lançou a campanha Eu Apoio a Livraria do Bairro, para incentivar a venda de livros nas lojas físicas, quando o comércio reabriu no ano passado, o que ajudou a manter muitas delas em atividade. A campanha incluiu a exclusividade por 30 dias para as lojas físicas venderem lançamentos da editora, antes dos grandes portais de comércio eletrônico; capacitação online para livreiros; ações exclusivas de venda, entre outras iniciativas. “As livrarias são patrimônios culturais de uma cidade. Frequentar uma livraria é um passeio incrível, nada se compara a isso”, afirmou.
A pandemia, em sua opinião, também trouxe uma mudança de cenário para o consumidor e para os livreiros. Ela acredita que as grandes redes, que apenas expõem o livro na prateleira, uma espécie de “supermercado de livros”, está com os dias contatos. Isso, segundo ela, as vendas online fazem muito melhor. O papel do livreiro, e de um atendente bem preparado, como um “personal livreiro”, será fundamental a partir de agora. “E também terá que se reinventar, terá que estar mais próximo do consumidor, dando a ele uma atenção personalizada”, ressaltou.
Perguntada sobre o audiobook, Sonia Machado disse que no Brasil esta “moda” ainda não pegou como na Europa e nos Estados Unidos, onde é um mercado em crescimento. “Com a tecnologia que temos hoje esse mercado pode crescer aqui no Brasil. A própria Record fez uma parceria com uma plataforma, mas ainda não é algo significativo”, explicou.
A presidente do Conselho, Vera Tostes, destacou que este é um momento de transição não só para o mercado editorial, que precisa se reinventar e se adaptar a uma nova realidade, mas para a produção cultural como um todo que foi muito afetada no ano passado. “Ficamos felizes em saber que a Record, uma tradição no setor, está se adaptando aos novos tempos e se adequando ao momento com uma visão de futuro”, conclui.