Para o presidente do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope Inteligência), Carlos Augusto Montenegro, ao contrário da eleição de 2018, na qual prevaleceu o voto de protesto, 2020 vai ficar marcado como a “eleição do sim”. “O eleitor quer um síndico, quer alguém cuidando da rua, do bairro, quer merenda na escola dos filhos, quer serviços. O eleitor em todos os municípios vota em quem considera um bom prefeito. Muitos dos que fizeram boa gestão estão sendo reeleitos. E os que não fizeram serão trocados”, acredita.
Montenegro fez uma análise das eleições no Rio, São Paulo e até nos EUA. No caso do Rio de Janeiro, ele acredita que um movimento dos eleitores para o voto útil poderia beneficiar a candidata Martha Rocha (PDT), que iria para o segundo turno com Eduardo Paes (DEM). “No Rio, se tiver voto útil, certamente vai para a Martha Rocha, não seria para o Crivella ou a Benedita. Mas acho que o normal é cada um votar no candidato em que acredita no primeiro turno e depois se posicionar no segundo turno”, disse.
Independentemente de quem seja eleito, Montenegro desconsiderou o impacto do governo federal nas eleições municipais. Ele também não acredita que os resultados desse ano possam prever os desdobramentos das eleições de 2022. “Na minha opinião, a influência do presidente nessas eleições é zero ou muito perto de zero. Não tem nenhuma liderança política que vai conseguir convencer o eleitor a votar em um mau gestor”, opinou.
Ao criticar o grande número de partidos no Brasil, o palestrante afirmou que uma reforma política é essencial para a melhoria do sistema eleitoral brasileiro. “Uma reforma política é mais importante do que todas essas reformas que estão na fila. É mais importante que a administrativa, a tributária e até a da Previdência. As pessoas não dão importância, mas ela é fundamental para tornar a democracia do Brasil mais forte. Não faz sentido, com 30 anos de eleições diretas, termos vários impeachments e constrangimentos”, disse.
Apesar disso, Montenegro acredita na lisura das eleições brasileiras e confia plenamente no uso, das urnas eletrônicas. Comparou nosso sistema eleitoral ao dos EUA, que passa por um difícil processo eleitoral neste momento. “Temos coisas boas. Apurar voto, sabemos muito melhor que os EUA. A urna eletrônica é um sucesso, à prova de fraude.”
Assista a palestra na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=R-Fy0RmqOQg