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“O Dilema das Redes” é tema de debate na ACRJ

O polêmico filme da Netflix inspirou a reunião virtual do Conselho Empresarial de Inovação, Comunicação e Tecnologia da ACRJ, realizada nessa terça, 06/10, cujo tema foi Dilema Social: Debate sobre o documentário. A conversa em torno do longa, que analisa o papel das redes sociais e os danos causados à sociedade, teve como convidados o CEO da empresa de consultoria Mundo Exponencial, Alexandro Strack, e o conselheiro da Associação Comercial, Paulo Braga Prado.

O documentário “Dilema das Redes” e os algoritmos usados foram discutidos a partir de dois pontos de vista dos palestrantes. Para Strack, o filme aborda o abuso de persuasão e da influência, das redes sociais para fazer venda e qualquer tipo de convencimento. Segundo ele, o negócio até então era feito isoladamente e não se conseguia ter tantas informações sobre os interlocutores, como ocorreu, principalmente, a partir de 2007 com a chegada do smartphone. “Não faz mais diferença se eu vou me conectar ou não. Já estou conectado. A partir do momento que uso as redes, estão coletando dados, que não é mais opcional, é o tempo inteiro. E obtendo informações que a gente não conseguia ter e, com essas características, tomar decisões. Isso tem um agravante, que é: se eu faço o algoritmo, posso tender a vontade que eu quiser”, explicou.

O CEO citou o Google como uma dessas características importantes, que foi, inclusive, abordada no filme. De acordo com Strack, se um grupo de pessoas fizer a mesma pesquisa vão aparecer resultados diferentes. “Isso é uma coisa absolutamente tendenciosa. Se formos em um único dicionário pesquisar pela mesma palavra,  a definição é igual para todos. Isso não acontece onde os algoritmos  controlam o resultado, já que levam em consideração fatores dos meus interesses porque conseguem interpretar os meus gostos e as pessoas que estão a minha volta”, ressaltou. E concluiu, “desse jeito, limitam o meu mundo e geram um problema gravíssimo, que é me levar a acreditar que meu mundo é só daquele tamanho. E isso é radicalmente perverso porque faz com que eu perca claramente a noção de real. O que é real? O que ele está mostrando para mim ou aquilo que nem consigo experimentar”, destacou o CEO.

Na visão do conselheiro Paulo Braga Prado, “qualquer mudança de mídia é uma mudança de dominação, de canal”. “O ser humano já passou por isso algumas vezes, como na virada da falada para a escrita, na invenção da imprensa, na popularização da imprensa para o jornal, para o rádio, a televisão e para a internet”, lembrou.

Conforme Paulo Braga Prado, “não tem outro canal que se encaixe com oito bilhões de pessoas nesse mundo. A internet é a solução, apesar de não ter se concretizado porque é ambígua demais, tem muita coisa que ainda não funciona”.

O presidente do Conselho, Alberto Blois, reforçou que o assunto “é instigante, com visões diferentes e que esse tema da reunião sempre servirá para reflexão”.