Pelas circunstâncias, o aumento de preços dos alimentos não causou surpresas aos integrantes do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ, que se reuniram virtualmente nessa quinta, 10/09. Porém, se mostraram preocupados com as atitudes do governo nesse momento.
“Estou muito preocupado com a reação ao aumento dos preços dos alimentos e com as respostas do governo. Algumas autoridades chegaram a sugerir que a população fosse aos supermercados, ver como estão os preços e denunciar. Quer dizer então que estão chamando de volta os fiscais do Sarney?”, avaliou o presidente do Conselho, Marcílio Marques Moreira. Os conselheiros acreditam que esse pensamento não é compartilhado pela equipe econômica, ficando restrito ao chefe do Executivo e seu entorno.
Para eles, certamente há uma inflação futura represada, na medida em que os índices de preços no atacado estão explodindo e, como consequência, deverão ser repassados em algum momento ao consumidor, se não houver mudanças na trajetória dos valores de alimentos essenciais como feijão e arroz. A expectativa dos conselheiros é saber como o Brasil aceitaria hoje a inflação, que pode ser um instrumento de redução da dívida real e, eventualmente, estimuladora da atividade econômica, numa economia que parecia ter sido vacinada contra uma retomada inflacionária.
Durante o encontro, analisaram a atual conjuntura envolvendo a reforma tributária. Acreditam que a aprovação ainda em 2020 seria uma missão impossível por causa dos embates jurídicos e políticos que podem surgir em torno da arrecadação única, entre setores da economia e entre os estados. Trata-se do interesse de 27 estados com peculiaridades econômicas e sociais próprias.
A eleição no município do Rio de Janeiro também foi discutida pelo Conselho. Apesar de já estar no radar de uma parte da população, não vem merecendo a atenção da maioria dos eleitores. Isso se justifica em função da Covid -19, do auxílio emergencial e de outras questões envolvendo a pandemia. Os conselheiros acreditam que em meados de outubro a população vai começar a se interessar pelo pleito e pela situação em relação aos candidatos, que estarão mais definidos.
No cenário internacional, a reunião abordou a eleição do presidente dos EUA e a desigualdade social. Os conselheiros lembraram que a concentração de renda gera instabilidade e vem acontecendo no mundo todo, incluindo os EUA e a França, e que o momento é de transição, inclusive, no Brasil. A perspectiva é que esse momento de muita dificuldade vai perdurar até outubro no mercado internacional em função das eleições americanas, que acontecem no mês que vem. No Brasil, os conselheiros acham que esse cenário complexo se estenderá até o fim do ano.