“Assim como o mundo parou por um vírus, o mundo pode parar por um ataque global de um vírus eletrônico, de uma ameaça eletrônica”. A informação é do diretor de Transformação Digital da Cisco do Brasil, Rodrigo Uchoa, que participou da reunião virtual do Conselho Empresarial de Inovação, Comunicação e Tecnologia da ACRJ, 21 de julho, coordenada pelo presidente do Conselho, Alberto Blois, e o vice, Paulo Milet.
O executivo ressaltou que há discussões sobre ameaças cibernéticas porque durante a pandemia o número de ataques se multiplicou por cinco ou seis. As empresas não tinham uma política e nem planos de segurança assim como infraestrutura necessária para garantir o trabalho remoto, home office.
Segundo ele, nesse período foram detectados no Brasil ataques que eram direcionados para as empresas, com casos de sequestro de dados, invasões e tentativa de aproveitar “as portas escancaradas” para obter senhas de acesso, instalar malwares, por exemplo, e preparar para uma futura invasão. “Muita coisa aconteceu e temos certeza que muito ambiente foi preparado, não para ser atacado neste momento, mas no futuro. É uma estratégia muito comum da comunidade hackers de tentar entrar no sistema, estabelecer ali uma bomba relógio e preparar o ambiente para o momento certo”, alertou.
De acordo com Rodrigo Uchoa, a pesquisa “Respostas à crise da Covid-19”, desenvolvida com a Deloitte, apontou que a maioria das pessoas, ou seja, 60%, disse que a maior preocupação, para recuperar e se sustentar como empresa, é a necessidade de mudança do modelo de trabalho e da cultura organizacional. Ele informou que houve um aumento de 30 a 35% do tráfego no Brasil com o home office e que as operadoras, na maioria das vezes, seguraram essa mudança radical com suas infraestruturas de telecomunicações.
Com isso, o volume de treinamento e capacitação de profissionais foi grande para preparar as empresas para reuniões remotas, que vai além de abrir uma ferramenta e conectar os colaboradores. Uchoa adiantou que as reuniões cresceram 12 vezes de fevereiro para junho, passando de cerca de 164 mil para quase 2 milhões. O número de participantes dessas reuniões aumentou 57 vezes, ou seja, de em torno de 228 mil para mais de 13 milhões, em apenas uma plataforma.
Diante desse cenário, o executivo destacou um estudo da Isaca, associação global focada em criar e compartilhar conhecimento em Riscos, Auditoria, Governança e Segurança em TI. Pelo levantamento da Isaca, junto aos seus associados distribuídos em mais de 180 países, 92% imaginavam e tinham consciência do momento perigoso e que iam sofrer mais ataques com a mudança do trabalho para home office, 87% sabiam que o risco era grande de vazamento de dados e de quebra de privacidade e 58% entendiam das possíveis estratégias dos hackers de aproveitar a pandemia para atacar ou planejar futuras invasões. “E o pior, 51% dos entrevistados no estudo não tinham confiança de que as equipes estariam preparadas para detectar ou responder a ataques. Existia um medo muito grande e a desconfiança que o mal está vindo”, revelou Uchoa.
O diretor da Cisco adiantou que os principais riscos cibernéticos são: 81% dos vazamentos de informações confidenciais envolvem senhas fracas ou roubadas e 92% dos malwares, que são distribuídos por correio eletrônico, sendo que 85% do total são spams.
“Enquanto os profissionais de saúde estavam salvando vidas, os de TI estavam salvando empresas”, destacou. Rodrigo Uchoa disse que estamos saindo do momento de crise, categorizado como de recuperação. “Não se sabe ao certo, se são 12, 18 ou 24 meses, dependendo da indústria, da empresa. Depois vai entrar em uma nova fase, que é de transformação ou sustentação do negócio, como diz a Deloitte”, explicou. O diretor enumerou os cinco passos para o “novo normal”: pessoas e cultura digital; novo modelo de trabalho distribuído e conectado; sistemas resilientes e seguros; infraestrutura de TI flexível, virtualizada e na nuvem; e operações de TI automatizadas.