O aumento de casos e mortes por causa da Covid-19, em estados americanos populosos, como Texas, Flórida e Califórnia, faz com que as incertezas econômicas continuem nos Estados Unidos. A análise foi feita por especialistas durante reunião virtual do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ, nesta 5a feira, 18/6.
“A maior incidência de casos da Covid-19 nos EUA mostra que as incertezas na economia mundial vão se prolongar. Tanto que o presidente do FED (Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos), Jerome Powell, disse que o crescimento econômico esperado para este ano e para 2021 está em risco e que manteria a taxa de juros próxima a zero pelo menos até 2022”, destacou o presidente do Conselho, embaixador Marcílio Marques Moreira. Para ele, foi uma surpresa essa projeção do FED e considera um período longo.
Os conselheiros avaliaram que a situação na Europa melhorou, apesar do Brexit e do grande problema na Itália, que tem acompanhado um aumento da ala radical na política. De acordo com eles, a melhora europeia se deve ao consenso que chegaram a chancelar da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, ao proporem a criação de um fundo de recuperação de 500 bilhões de euros em subsídios para fazer frente à crise. O dinheiro será destinado para financiar investimentos e reformas, aprimorar o sistema de saúde e dar incentivo ao aporte de capital privado a empresas de segmentos de importância estratégica, tais como: tecnologia, saúde e infraestrutura. “Boa sinalização para o futuro”, ressaltou Marcílio Marques Moreira.
Na Ásia, a preocupação dos especialistas é com a intensificação do conflito, por disputa de território, entre a China e a Índia. Segundo eles, os dois países têm as maiores populações do planeta, que chega a três bilhões de pessoas. Os conselheiros afirmaram que a situação entre os gigantes asiáticos é difícil e recordaram que a China ainda está em crise com os EUA.
Em relação ao Brasil, os conselheiros destacaram que a crise, em função da Covid-19, é pior no nosso país do que nos EUA, já que o governo brasileiro negou muito mais a situação do coronavírus. Além da crise pandêmica, o momento é de uma conjunção política difícil e é arriscado fazer qualquer projeção econômica para o país. Eles indagaram, por exemplo, como ficará a geração de lucro das empresas nessa situação de incerteza.
Os especialistas advertiram sobre a “amizade” entre o Brasil e os EUA. “O Trump diz que é amigo do Brasil, mas suas decisões não são bem como ele diz. Um bom exemplo é o aumento de tarifas aos produtos brasileiros, como o aço”, lembrou o presidente do Conselho.