Os efeitos da pandemia, causada pela Covid-19, não podem recair nas contas dos consumidores. A opinião é de especialistas do setor elétrico que participaram da reunião virtual do Conselho Empresarial de Energia da ACRJ, entre eles os presidentes da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Marcos Madureira, e da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres), Paulo Pedrosa.
Segundo eles, o setor tem que estar protegido, mas não isolado, e precisa enfrentar a crise buscando novos investimentos que não sejam alinhados com os velhos modelos existentes do segmento. “O setor elétrico não morre de coronavírus, mas pode morrer por outros problemas, como os estruturais, as ineficiências e em função da carga tributária, por exemplo”, afirmou Paulo Pedrosa.
Para o presidente da Abrace, as dificuldades do segmento são maiores que a pandemia e lembrou que a energia no Brasil é barata enquanto as contas são caras. O presidente da Abradee reforçou que o setor de distribuição é a entrada do canal de recursos do sistema elétrico e que, nessa hora, mesmo com a queda de receita e o aumento da inadimplência, não deve haver reajuste de tarifas.
“Não é o momento de reajustar tarifas. Têm empresas que tentaram e seus pedidos de reajustes foram negados. Todos têm que fazer a sua parte, dar sua contribuição e manter um custo de energia razoável”, defendeu Marcos Madureira. A presidente do Conselho Empresarial de Energia da ACRJ, Joisa Dutra, declarou que “estamos beirando ao esgotamento de fazer política à custa do consumidor”. Segundo ela, todos necessitam ter responsabilidade, empresas e usuários.
De acordo com os especialistas, a pandemia tende a agravar os problemas tarifários, não só por causa da inadimplência, mas também pelas distorções e os comportamentos oportunistas, que em nada beneficiam o setor elétrico. Eles informaram que, hoje, não há problemas de restrição no fornecimento, já que o parque gerador está funcionando normalmente e tem mais energia do que demanda.
Durante a reunião, defenderam ainda mais diálogo do setor, abertura de canais técnicos objetivos, inclusive com o Legislativo, e prestigiar instituições, como a ACRJ, que podem contribuir para os avanços do sistema elétrico brasileiro. Eles lembraram que a crise do coronavírus reduziu o consumo de energia elétrica no país, desde 18 de marco, em 14%, se comparado ao mesmo período de 2019. Esse resultado se deve em função da diminuição ou paralisação de muitas indústrias, comércio e prestadores de serviços. A inadimplência aumentou em torno de 10%, com relação ao mesmo ciclo do ano passado.