O cenário mostra que as marcantes economias globais devem entrar em recessão severa, de fato em depressão, com a crise gerada pela pandemia. As desigualdades sociais são, talvez, uma das maiores preocupações do momento, além das dúvidas quanto à retomada da economia, após o pico da pandemia. Esses foram os principais pontos debatidos na reunião do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ.
No Brasil, só no mês de abril, mais de 46 milhões de pessoas receberam o auxílio emergencial. Nos Estados Unidos, 36 milhões de pessoas pediram o seguro-desemprego em apenas sete semanas. Para os conselheiros, o quadro é muito grave. É preciso construir um consenso nacional mínimo para ultrapassar os efeitos econômicos e sociais da Covid-19.
Sobre as desigualdades sociais, há correntes que apoiam a criação de um sistema de renda universal básica para suprir a carência da população menos aquinhoada, mas a unanimidade dos analistas acredita que a situação precisa ser repensada, transformada. “Que mude essa desigualdade, que é cruel. Persiste grande preconceito contra os pobres, os informais, e contra as favelas em que vivem. E o que observamos é que as favelas, como a Santa Marta, em Botafogo, tem mostrado capacidade de se organizar para combater o vírus, higienizando cada viela. Foi apenas um exemplo, existem muitos”, destacou o presidente do Conselho, Marcílio Marques Moreira.
No âmbito econômico, a expectativa é de queda do PIB em torno de 10% em vários países. Para o Brasil, as projeções são também negativas, entre – 8% e – 12%. Os conselheiros consideraram que, além do combate ao coronavírus, falta sintonia ao governo federal. A briga com governadores, as trocas ministeriais, como a dos últimos ministros da Saúde, e toda a crise política tem tido um impacto negativo considerável na economia.