Notícias

Economista Larry Brainard aponta China e Fed como os protagonistas da economia em 2020

A previsão é que o crescimento dos Estados Unidos se estabilize em torno de 2% em 2020, com aceleração modesta a partir do segundo semestre. A guerra comercial dos EUA e China é um curinga nas perspectivas de crescimento dos norte-americanos, com altos e baixos nas negociações, o que pode gerar oscilações acentuadas nos estoques.

As afirmações são do economista americano Larry Brainard durante palestra para o Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRJ. “A China e o Fed são os principais impulsionadores da economia global em 2020. O Fed encerrou seu ciclo de flexibilização, mas se comprometeu a injetar liquidez nos mercados por meio de compras de títulos até o segundo trimestre do próximo ano”, ressaltou.

A China, na opinião do economista, deverá carregar outra rodada de estímulo fiscal no início de 2020. A estratégia da China na guerra comercial é ganhar tempo, enquanto os formuladores de políticas reestruturam a economia para aumentar a autoconfiança e esperar para ver quem estará na Casa Branca em janeiro de 2021. “Os maiores riscos para o país são a deflação sustentada do PPI (índice de preço ao produtor) e fragilidade financeira, especialmente entre bancos menores”, avaliou. 

Brainard comentou que a desaceleração das economias desenvolvidas já tenha chegado ao fundo do poço e que modesta recuperação global seja provável em 2020, impulsionada pelo aumento da liquidez provida pelos bancos centrais. O economista considera que, a não ser que improváveis choques imprevistos na guerra fria comercial venham a ocorrer, uma recessão no curto prazo seja improvável. Por outro lado, prevê fraca recuperação na área do Euro e no Japão.

Sobre Trump, Brainard acredita que, caso os democratas escolham um candidato centrista, sua reeleição possa estar em risco. De acordo com ele, os líderes democratas tradicionais, que no caso de empate nas primárias, teriam voto decisivo, não pensam que candidaturas “progressistas”, como as de Elizabeth Warren e Bernie Sanders, possam vencer o presidente Trump. E com um democrata centrista na Casa Branca e os republicanos continuando no controle do Senado, os mercados financeiros provavelmente considerarão como positivo tal resultado.

“Foi um momento muito importante porque nos deu uma visão do cenário mundial. Nós não estamos só com muitas mudanças, estamos testemunhando a transição entre dois ciclos. Mundialmente, o ciclo da Pax Americana terminou e um novo está começando, mas sem termos a ideia da direção. No Brasil, o ciclo que começou na Nova República também se exauriu e agora estamos começando a navegar por mares nunca antes navegados”, analisou o presidente do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas, embaixador Marcílio Marques Moreira.