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Acordo entre Mercosul e UE é pauta do Conselho Empresarial de Política e Comércio Exterior

Após 19 anos de negociação, os países do Mercosul fecharam um histórico acordo comercial com a União Europeia, no fim de junho. O tratado, que busca promover o livre-comércio entre os blocos, ainda deve passar por um período de ajuste de três anos, na melhor das hipóteses. É o que aponta o Professor do curso de graduação em Relações Internacionais do IBMEC-Rio, Marcio Sette Fortes, em palestra realizada para o Conselho Empresarial de Política e Comércio Exterior da Associação Comercial do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, 17 de julho.

O acordo, amplamente aceito por líderes dos dois blocos, ainda encontra resistência em diversos pontos, que devem ser maturados nos próximos anos. “Existem posições contrárias, principalmente em países com produção agrícola”, afirmou. No entanto, segundo ele, a visão majoritária na Europa é de que a ratificação do acordo é positiva, principalmente ao se levar em conta o interesse de países com forte produção industrial, como a Alemanha, na mesa de negociações.

O tempo também será fundamental para que o mercado se adapte às mudanças e ao processo gradual de redução tarifária. Sette Fortes explicou, por exemplo, o caso dos industriais brasileiros, que devem buscar reduzir custos e baixar preços durante esse prazo. “É importante que isso seja feito para que haja possibilidade de se competir com os produtos europeus que vão entrar”, explicou.

Porém, apesar dos entraves ainda em fase de negociação, o acordo deve ser positivo para a balança comercial brasileira. O Professor lembrou que, em 2018, o Brasil teve um superávit de US$ 7,3 bilhões no comércio com a UE. Segundo ele, o tratado pode melhorar esse saldo comercial em até 40% já nos próximos anos.

Uma das expectativas geradas com o acordo é o aumento da importação de veículos europeus. Após determinado período de ajustes, 32 mil novos veículos devem entrar no Brasil por ano, com o tratado. Esse período vai coincidir com o fim da produção de carros com motor a combustão na Europa, e eventualmente carros elétricos vão começar a entrar no Brasil. De acordo com Sette Fortes, a entrada desses veículos vai acelerar a produção e forçar a transição do país para os automóveis de energia limpa.

O tratado também deve provocar a revisão da chamada tarifa externa comum (TEC), taxa comercial padronizada para um grupo de países. Utilizada no Mercosul, a TEC forma e define o bloco enquanto união aduaneira. “A TEC nos torna um dos mercados mais fechados do mundo. Especialmente no Brasil, isso mascara uma ineficiência” afirmou, indicando a importância de rever a tarifa.

Por fim, o Professor demonstrou otimismo com o acordo. Para ele, essa negociação, aliada à Medida Provisória 876/2019, que deve desburocratizar o registro e abertura de certos tipos de empresas, assim como a Reforma da Previdência, devem atrair o investimento estrangeiro. “Todas essas medidas, quando casadas, devem trazer um Brasil melhor para todos nós”, concluiu.