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Bolsonaro não disse isso

Bolsonaro não disse isso

Juro / exercer a função de jornalista / assumindo o compromisso / com a verdade e a informação. / Atuarei dentro dos princípios universais / de justiça e democracia, / garantindo principalmente / o direito do cidadão à informação. / Buscarei o aprimoramento / das relações humanas e sociais, / através da crítica e análise da sociedade, / visando um futuro/ mais digno e mais justo/ para todos os cidadãos brasileiros./ 

Sou jornalista e fiz este juramento na ocasião da minha formatura e busco isso incessantemente na minha carreira, independente de atuar ou não com o jornalismo. Entendo que ser um jornalista tendencioso fere um direito primordial na vida de um cidadão que é de faze-lo chegar às suas próprias conclusões sobre a informação assimilada. Mas seria pedir muito, hoje, que determinados jornalistas deixem seu viés tendencioso e concentrem-se em informar os fatos, como prometeram no juramento?

Nesta segunda, na palestrada ministrada pelo deputado Jair Bolsonaro na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) fiquei muito atenta as palavras (sequer toquei no celular) para não perder os esperados momentos de impacto, “aqueles que a imprensa ouve”. Confesso que poderia até dar sono tal era a minha expectativa. O vulgo “Bolsomito” falaria sobre racismo, mulheres, armas de fogo e fuzilamento, em odiar a pobreza ou coisas do gênero. Afinal, o que eu leio, ouço e vejo do Bolsonaro é isso, certo? Errado. Bolsonaro não falou nada disso, não ofendeu ninguém e, de fato, se é que podemos considerar isso uma agressão, apenas disse que Dilma não entende nada de economia.

O resto, ele não disse.

O que ele disse desde o início, ironicamente, é que a imprensa “gosta dele”. Ora, sendo jornalista e na certeza de como atuo com a informação, confesso que o início da palestra já havia me deixado irritada. Como assim, agora a culpa é da imprensa pelas coisas que ele fala? Mas vamos lá, deixa o cara falar. Pensei… E ao final, não somente ele tinha toda a razão, como também veio a mim esta necessidade de esclarecer o que ele disse. 

Os meios de comunicação se armaram, mais uma vez, em dar manchetes de impacto, ao estilo “Bolsomito”, e se apressaram em dizer sobre o MST: “Invadiu , é chumbo”. O contexto das palavras de Bolsonaro não era este. Bolsonaro foi claro ao dizer que os agricultores precisam defender suas terras e que a propriedade privada precisa ser respeitada. Ele está errado? Não! Ninguém quer que o seu apartamento ou a sua casa sejam invadidos, porque então tolerariam que as terras fossem invadidas com pessoas armadas com facões, escopetas, crianças de escudo e muita violência? Urge parar a hipocrisia de julgar as reações e começar a observar as ações! Se estes grupos não entram com chumbo, não terão chumbo! Se negociam e buscam a legitimidade das suas ações por meio da lei, não terão chumbo! O que de fato Bolsonaro está dizendo por aí é que a propriedade privada precisa e deve ser respeitada! 

Ressaltaram que Bolsonaro acenou com a liberação de jogos de azar no Brasil. Bolsonaro foi claro ao ser totalmente contra caça-níqueis, mas que não tem opinião formada sobre cassinos e, ainda, ressaltou que delegaria esta decisão aos Estados caso fosse convencido, o que ainda não estava, sobre o tema! 

Foram contundentes ao dizer que o Deputado Jair Bolsonaro iria propor “leis que beirassem a informalidade contra o desemprego”. Lendo este título parece que Bolsonaro vai provocar uma anarquia trabalhista. Mas Bolsonaro disse apenas que prefere mais empregos e menos direitos do que muitos direitos e esse desemprego assolando o país!  O que está de errado? Me diz!  É preciso pensar que milhões de brasileiros não conseguem perguntar qual é a ceia porque estão pedindo migalhas para o café da manhã! 

A outra manchete é que o Bolsonaro ironizou Alckmin “por prometer porte de arma a agricultores”. Ele não ironizou! Ele parabenizou a mudança de postura porque Alckmin havia dito que daria tratores para os agricultores se defenderem, isso sim ironizado pelo pré-candidato.

Na minha condição de jornalista que não atua em meio de comunicação algum, torço que o juramento do jornalista perdure na carreira de todos os que assumiram o dever de informar, e por ser uma cidadã brasileira atenta a conhecer os candidatos para dar ou não o meu voto, sinto-me na obrigação de esclarecer e mostrar a verdade, somente a verdade, para que a população tenha a informação exata e, dessa forma, tenha a liberdade genuína de concordar ou não com o que de fato Jair Bolsonaro falou e não com o que parte da imprensa disse que escutou. 

Fabiana Bentes
Jornalista e VP do Conselho Empresarial de Esportes da ACRJ

Para conferir o que foi dito pelo pré-candidato à Presidência da República, deputado federal Jair Bolsonaro, clique aqui para assistir a palestra na íntegra.

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