O professor de Política Internacional da UERJ, Paulo Velasco, participou, dia 5 de setembro, da reunião do Conselho Empresarial de Governança, Compliance e Diversidade da ACRJ quando debateu os desafios da desordem global para os negócios e a posição do Brasil. O encontro contou com a participação do presidente do Conselho Superior da ACRJ, Ruy Barreto Filho e foi coordenado pelo presidente do Conselho, Humberto Mota Filho.
Na abertura do encontro, Humberto Filho anunciou que será firmada uma parceria entre a ACRJ e a consultoria Smart3 para a realização conjunta e/ou divulgação mútua de eventos, cursos, palestras, oficinas, elaboração e divulgação de cartilhas e outras publicações, bem como outras ações gratuitas voltadas à educação e capacitação em temas relacionados às áreas de Direito Digital, Proteção de Dados, Inteligência Artificial, Inovação e Tecnologia da Informação.

Filho com o termo de compromisso para a parceria
Em seguida, o professor Paulo Velasco deu início à sua apresentação, destacando o poder da informação e o papel estratégico do Brasil no cenário global e que a humanidade vive hoje em uma era cada vez mais orientada por dados e tecnologia da informação. “Para os empresários, compreender quais informações são realmente relevantes e como utilizá-las de forma estratégica é um diferencial competitivo. A coleta, o tratamento e a análise de dados permitem decisões mais assertivas, alinhadas às necessidades de consumidores, clientes e colaboradores”, afirmou.
Ao mesmo tempo, de acordo com ele, o mundo passa por uma profunda transformação geopolítica, onde “Estados Unidos, China, União Europeia, Índia, Indonésia e Brasil são alguns dos atores que disputam espaço e influência global, com interesses muitas vezes divergentes e até antagônicos”. “Se antes vivíamos em um cenário bipolar, com dois polos claros de poder, hoje enfrentamos um ambiente multipolar, muito mais complexo e dinâmico. Nesse contexto, o Brasil se destaca por adotar historicamente uma política externa universalista, que busca equilíbrio entre parceiros tradicionais”, explicou.

O convidado também abordou, entre outras questões, a relação China e Estados Unidos na área militar e a superioridade tecnológica e estratégica dos americanos nesta questão, os BRICS e os desafios e oportunidades para o Brasil no atual cenário global.
Para ele, o país adota uma política externa universalista, e essa postura conciliadora dá ao Brasil credibilidade como mediador internacional. “Para o Brasil, o cenário global exige diversificação de parceiros, acordos bilaterais robustos e visão estratégica para fortalecer a competitividade, equilibrando relações com China, Estados Unidos e Europa”, acrescentou.
Ruy Barreto Filho, com mais de 30 anos de experiência como exportador de café solúvel, destacou que o Brasil não aproveitou oportunidades históricas no mercado de café, carne e minério, permitindo que países como Alemanha e Vietnã dominassem setores estratégicos. “O Brasil pode fortalecer sua posição global, mas a falta de visão estratégica impede seu protagonismo internacional e maior capacitação e conhecimento geopolítico para avançar”, afirmou.
Ao final da reunião, o presidente do Conselho, Humberto Mota Filho fez a doação de seu livro à UERJ. “Ao agradecer ao professor Paulo Velasco, faço a doação de 10 exemplares de meu livro As escolhas políticas de integração nos casos do Mercosul e da Alca, objeto de minha tese de doutorado, para a biblioteca da UERJ. Nessa tese, ressalto a importância da estratégia nacional e dos agentes políticos nas formas de integração possíveis, no longo prazo. Precisamos retomar o debate da estratégia nacional, num debate qualificado”, disse.