O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento do Mercado de Capitais (Codemec) promoveu, dia 29 de maio último, um encontro para desmistificar o mercado de ações no Brasil, que, segundo o presidente do Conselho, Luiz Guilherme Dias, ainda enfrenta desafios para se tornar mais popular entre os investidores individuais. Algumas razões para isso incluem a baixa educação financeira e a cultura conservadora de investimentos.
“Muitos brasileiros não têm acesso a informações sobre investimentos e acabam optando por alternativas mais tradicionais, como poupança e renda fixa. Por outro lado, historicamente os brasileiros preferem investimentos de menor risco, como imóveis e títulos públicos, devido à natural volatilidade do mercado de ações”, explicou.
Luiz Guilherme e o vice-presidente do Conselho, Marcos Oscar Tisser, fizeram uma palestra sobre o tema “Sem medo de investir na Bolsa” para membros do Conselho e convidados e mostraram que ação é o melhor investimento que existe para formação de patrimônio no longo prazo. “Investir na Bolsa de Valores não é um salto no escuro, é uma decisão estratégica. O desconhecimento alimenta o medo, mas com informação de qualidade e visão de longo prazo, é possível transformar risco em oportunidade”, garantiu Luiz Guilherme.

Ele fez um balanço sobre este mercado desde 2018, que tem apresentado crescimento consistente em número de investidores, quando a Selic estava em 2% ao ano em agosto de 2020, menor nível histórico. No entanto, de acordo com ele, o volume total investido ainda representa menos de R$ 5 milhões em relação ao PIB brasileiro. “Um sinal claro de subaproveitamento de potencial”, disse. Em agosto de 2020, segundo ele, ao atingir cerca de 2% de participação da população, observou-se uma explosão de investidores pessoa física. “Hoje, o número de investidores supera 5,1 milhões de pessoas físicas em renda variável (cerca de 2,6% da população) e 16,3 milhões em renda fixa. Se considerarmos o percentual de 5% da população que investe em renda variável em países em desenvolvimento, percebemos que o Brasil ainda tem um enorme potencial de crescimento em investidores individuais. O número de pessoas físicas investindo em ações de empresas brasileiras listadas na Bolsa cresceu, mas com pouca informação e educação para assegurar uma consciência de longo prazo.
Marcos Tisser destacou que o mercado de ações, em sua essência, é um espaço de trocas de bens, serviços, ideias e relações. “Quando falamos de um mercado organizado, estamos lidando com um sistema estruturado, eficiente e propício à tomada de decisão informada. Nesse ambiente, os participantes têm padrões, referências e mecanismos de comparação, o que permite decisões mais assertivas, investimentos mais seguros e a criação de valor sustentável. Um mercado organizado atrai capital, gera confiança e abre espaço para métodos mais agressivos e competitivos, quando necessário”, disse.

O presidente do Conselho lembrou que a Bolsa de Valores pode ser uma das principais vias de geração de patrimônio no longo prazo para indivíduos. “Não se trata de apostar, mas de investir em empresas sólidas, de setores estratégicos, que oferecem dividendos recorrentes; tudo isso está ao alcance de quem decide agir com método e disciplina”, ressaltou. De acordo com ele, estudos indicam que 6 a cada 10 brasileiros não conseguem fazer alguma reserva financeira para encarar a velhice. “De onde virá o dinheiro para pagar o plano de saúde?”, questionou.
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