Por Josier Vilar, presidente da ACRJ. Artigo publicado no Jornal O Dia
No momento em que o Prefeito do Rio, Eduardo Paes, propôs à Presidência da República transformar o Rio de Janeiro em cidade federal, devolvendo a ela um status de relevância no cenário político nacional e corrigindo, em parte, uma grave falha quando a capital foi transferida para Brasília, é muito importante refletirmos porque chegamos a esse esgarçamento de nossa cidade. Muito especialmente na questão da segurança pública, que afugenta empresas, negócios, empregos e bem-estar social.
Penso que três fenômenos levaram à tragédia da insegurança pública vivida hoje: perda da relevância política com a transferência da capital para Brasília na década de 1960; perda da relevância econômica com a saída da Bolsa de Valores para São Paulo na década de 1990; e ausência de uma política de industrialização do Estado após a ida da capital para Brasília.
O presidente Juscelino Kubitscheck planejou e criou Brasília, mas não preparou e nada fez para o Rio não ser mais capital. Nos deixou um legado negativo de uma economia profundamente dependente do poder público e da ausência de uma cultura empreendedora nas empresas, nos órgãos de governo e nas universidades aqui existentes, acarretando uma enorme perda da autoestima carioca.
Além disso, milhares de pessoas que migraram para Brasília foram abandonadas à própria sorte, buscando moradias e sobrevivência onde era possível, o que acentuou o aumento do número de favelas, comunidades e bairros periféricos sem infraestrutura, serviços públicos e a presença do Estado.
Um caldo de cultura perfeito para o crescimento da violência e da insegurança pública que vivemos hoje, agravado pelo surgimento das organizações criminosas que não desejam que o Estado ofereça serviços públicos a diversas comunidades sob seu controle. É nesse ambiente de quase anomia que surgem as lideranças políticas nefastas. Com poucas exceções, o Rio vive uma grave situação face à ausência dessas lideranças.
Acho que a iniciativa do prefeito Eduardo Paes é fundamental para o início de um novo protagonismo para a cidade e sua região metropolitana. É uma dívida que o Brasil tem com sua ex-capital. Projetos de uma nova industrialização – indústria fabril 4.0 e de serviços intensiva em automação, crédito facilitado para microempreendedores, indústria do conhecimento e da inovação – precisam ser prioridade para que a Cidade Federal do Rio e sua região metropolitana resgatem a autoestima e a sustentabilidade.
Enquanto isso não acontece, a ADPF, como reitera o Governador do Rio Cláudio Castro, precisa ser revista e implementada nacionalmente, o CNJ deve rever os critérios técnicos de audiência de custódia e o porte não autorizado de arma por civis tem que ser considerado um crime inafiançável e sem redução penal.
Para que tenhamos um pouco de paz e prosperidade, as políticas de segurança pública precisam ser integradas com as forças policiais no combate ao crime. Com ações de segurança implementadas, reconhecimento do Rio como cidade federal, os Jogos Pan e Parapan-americanos de 2031 no Rio e em Niterói e a nova Bolsa de Valores, que começa a operar este ano, daremos início ao renascer de nossa cidade.
Vamos torcer, vamos cobrar. O Rio merece.
Artigo originalmente publicado no Jornal O Dia
