Dados da Coordenadoria de Promoção e Defesa da Liberdade Religiosa da Subsecretaria de Promoção, Defesa e garantia dos Direitos Humanos revelam que as regiões onde há maior concentração de praticantes de religiões minoritárias, como a Baixada Fluminense e a Zona Oeste são as mais afetadas pelos casos de intolerância religiosa. A maioria dos fatos acontecem nas escolas, ruas e nas repartições públicas.
As informações foram dadas pelo coordenador da Subsecretaria, Marcio Jagum, durante a palestra “Intolerância Religiosa no Ambiente de Trabalho”, promovida pelo Conselho Empresarial de Educação da ACRJ. De acordo com as estatísticas, as Matrizes Africanas (Candomblé e Umbanda), Catolicismo e Islamismo são as três religiões mais atingidas.
Nos últimos oito anos, conforme levantamento da Coordenadoria, o número de casos passou de 17 (2012) para 123 (2019). A partir do estudo, a Subsecretaria sugere a manutenção assim como a criação de políticas públicas com o objetivo de incentivar o “convívio pacifico e respeitosos entre as diversas modalidades de fé”.
Segundo a Coordenadoria, há um agravante nessa questão de intolerância com os atos de violência praticados por facção criminosa, autoproclamada de “Bonde de Jesus”, que visa fechar “todos os templos não cristãos, em especial os de Matriz Africana, nos territórios sob seu domínio”. Nesse caso, se “faz necessário o alinhamento com forças de Segurança Pública”.
No mapa elaborado pela Coordenadoria, o perfil da vítima vai desde o adepto de alguma religião, passando pelos templos, livros/publicações, até um profissional. No ambiente de trabalho a questão religiosa compete com o assédio (moral e sexual) e os casos de racismo e homofobia.
Para Marcio Jagum, não pode haver motivação religiosa em nenhum momento profissional, ou seja, na contratação, desempenho do funcionário e até na demissão. “A pluralidade é que faz a gente avançar na questão da intolerância religiosa”, reforça o coordenador. Nesse sentido, a Subsecretaria está incentivando a promoção da liberdade religiosa, capacitação de agentes públicos e privados e estabelecimento de parcerias, incluindo a mídia, importante para ajudar na multiplicação da informação para a sociedade.
A vice-presidente do Conselho Empresarial de Educação da ACRJ, Michelle Nunes, ressaltou que “a educação é a principalmente ferramenta para a conscientização da população e para o combate à intolerância”.